
Em entrevista exclusiva à CNN Internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, poderia ser preso no Brasil por incitar a invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. O ataque à sede do Congresso dos EUA ocorreu após Trump incitar seus apoiadores a protestarem contra a certificação da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais de 2020.
“Eu gostaria de dizer ao povo americano que se Trump fosse brasileiro, ele fizesse o que aconteceu no Capitólio, ele também estaria em julgamento no Brasil e possivelmente ele teria violado a Constituição. De acordo com a Justiça, ele também poderia ser preso se tivesse feito aquilo no Brasil”, disse Lula.
Presidente Lula diz na CNN Internacional que se Donald Trump fosse brasileiro, também estaria em julgamento e talvez até preso. pic.twitter.com/qyQ17bynvW
— Sam Pancher (@SamPancher) July 17, 2025
No ataque ao Capitólio, manifestantes trumpistas invadiram o prédio, quebraram vidraças, depredaram salas e interromperam por horas os trabalhos parlamentares. O caso resultou em 14 policiais feridos, com a morte de um deles, centenas de prisões e vários processos criminais.
No Brasil, o 8 de janeiro de 2023 ficou conhecido como um episódio similar, quando apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) invadiram e destruíram as sedes dos Três Poderes em Brasília, contestando o resultado da eleição que elegeu Lula. Este foi o estopim para a investigação que pode levar o ex-presidente brasileiro à prisão.
Nas última semana, o republicano ameaçou sobretaxar produtos brasileiros em até 50% em uma carta destinada ao petista, argumentando a suposta perseguição a Bolsonaro.
Questionado pela imprensa dos EUA sobre o motivo de retaliar o Brasil, Trump foi direto: “Porque eu sou capaz de fazer isso. Ninguém mais seria capaz”. Na entrevista à CNN, Lula rebateu: “O presidente Trump não foi eleito para ser o imperador do mundo”.
Exclusive: President Trump wasn’t elected “to be the emperor of the world,” Brazil’s President Lula tells me, in the face of massive tariff threats over the prosecution of Jair Bolsonaro and more. Our full interview airs 2pm Brasilia time on @cnni and tonight in the US on @PBS pic.twitter.com/IyzUEzRpUX
— Christiane Amanpour (@amanpour) July 17, 2025
Reciprocidade
Em resposta às ameaças tarifárias, o governo brasileiro acionou a Lei da Reciprocidade Econômica, que permite suspender concessões comerciais e direitos de propriedade intelectual em retaliação a medidas consideradas prejudiciais. O decreto foi assinado por Lula nesta semana.
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) enviou uma carta oficial ao governo estadunidense expressando “indignação” com as tarifas e alertando para os prejuízos econômicos bilaterais. A carta também reafirma a abertura do Brasil para o diálogo.
No Congresso, no entanto, deputados da base bolsonarista tentam barrar o decreto. A deputada Rosângela Moro (União Brasil-SP), com apoio de outros 13 parlamentares, protocolou um projeto que visa revogar a medida.
O grupo alega que a aplicação da Lei da Reciprocidade compromete a segurança jurídica e pode afetar setores como o farmacêutico, a biotecnologia, o software e a tecnologia da informação. Para eles, a norma gera “grave instabilidade regulatória” e prejudica a “soberania tecnológica” do país.