VÍDEO – “Trump estaria preso se fosse brasileiro”, diz Lula a TV dos EUA

Atualizado em 17 de julho de 2025 às 15:45
Lula, presidente do Brasil em entrevista à CNN. Foto: reprodução

Em entrevista exclusiva à CNN Internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, poderia ser preso no Brasil por incitar a invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. O ataque à sede do Congresso dos EUA ocorreu após Trump incitar seus apoiadores a protestarem contra a certificação da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais de 2020.

“Eu gostaria de dizer ao povo americano que se Trump fosse brasileiro, ele fizesse o que aconteceu no Capitólio, ele também estaria em julgamento no Brasil e possivelmente ele teria violado a Constituição. De acordo com a Justiça, ele também poderia ser preso se tivesse feito aquilo no Brasil”, disse Lula.

No ataque ao Capitólio, manifestantes trumpistas invadiram o prédio, quebraram vidraças, depredaram salas e interromperam por horas os trabalhos parlamentares. O caso resultou em 14 policiais feridos, com a morte de um deles, centenas de prisões e vários processos criminais.

No Brasil, o 8 de janeiro de 2023 ficou conhecido como um episódio similar, quando apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) invadiram e destruíram as sedes dos Três Poderes em Brasília, contestando o resultado da eleição que elegeu Lula. Este foi o estopim para a investigação que pode levar o ex-presidente brasileiro à prisão.

Nas última semana, o republicano ameaçou sobretaxar produtos brasileiros em até 50% em uma carta destinada ao petista, argumentando a suposta perseguição a Bolsonaro.

Questionado pela imprensa dos EUA sobre o motivo de retaliar o Brasil, Trump foi direto: “Porque eu sou capaz de fazer isso. Ninguém mais seria capaz”. Na entrevista à CNN, Lula rebateu: “O presidente Trump não foi eleito para ser o imperador do mundo”.

Reciprocidade

Em resposta às ameaças tarifárias, o governo brasileiro acionou a Lei da Reciprocidade Econômica, que permite suspender concessões comerciais e direitos de propriedade intelectual em retaliação a medidas consideradas prejudiciais. O decreto foi assinado por Lula nesta semana.

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) enviou uma carta oficial ao governo estadunidense expressando “indignação” com as tarifas e alertando para os prejuízos econômicos bilaterais. A carta também reafirma a abertura do Brasil para o diálogo.

No Congresso, no entanto, deputados da base bolsonarista tentam barrar o decreto. A deputada Rosângela Moro (União Brasil-SP), com apoio de outros 13 parlamentares, protocolou um projeto que visa revogar a medida.

O grupo alega que a aplicação da Lei da Reciprocidade compromete a segurança jurídica e pode afetar setores como o farmacêutico, a biotecnologia, o software e a tecnologia da informação. Para eles, a norma gera “grave instabilidade regulatória” e prejudica a “soberania tecnológica” do país.