
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reagiu com irritação ao ser questionado sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante sua primeira reunião oficial com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), neste domingo (26), na Malásia. A repórter perguntou se o tema Bolsonaro seria abordado na conversa, e Trump respondeu de forma seca: “None of your business” (“não é da sua conta”, em tradução livre).
A declaração, feita diante de jornalistas pouco antes do início do encontro, encerrou de maneira abrupta a sequência de perguntas e deixou clara a disposição do republicano em evitar qualquer menção ao aliado brasileiro, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Segundo interlocutores, Trump considerou o assunto “impertinente” e não queria que a reunião fosse marcada por problemas internos do Brasil.
“Sempre gostei dele. Me sinto muito mal pelo que aconteceu com ele. Sempre achei que ele era direto, mas ele passou por muita coisa”, sugeriu. Contudo, quando perguntaram se ele discutiria do ex-presidente brasileiro com o petista, ele respondeu: “Não é da sua conta”.
A reunião entre Lula e Trump ocorreu na manhã deste domingo, no Centro de Convenções de Kuala Lumpur, durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean).
🚨URGENTE – Trump é questionado se Bolsonaro estará na pauta da reunião com Lula e responde que não é da conta da jornalista
“Eu sempre gostei dele! Eu me sinto muito mal pelo que aconteceu com ele. Ele passou por muita coisa (…) não é da sua conta!” pic.twitter.com/x4jtG20MGH
— SPACE LIBERDADE (@NewsLiberdade) October 26, 2025
Foi o primeiro encontro bilateral entre os dois presidentes e teve início às 4h40, pelo horário de Brasília, com a presença da imprensa por menos de dez minutos. Participaram também os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Márcio Elias Rosa (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), além do diplomata Audo Faleiro, assessor de Celso Amorim.
Antes do episódio, Trump havia adotado um tom conciliador em relação ao Brasil. “Vamos chegar a um acordo”, disse o presidente estadunidense, ao comentar as negociações sobre o tarifaço de 40% aplicado a produtos brasileiros. A medida, uma das principais fontes de atrito entre os dois países, deve ser o tema central das tratativas bilaterais. Trump também afirmou que as negociações com o Brasil podem “avançar rapidamente”.
Lula, por sua vez, afirmou que “não há motivo para desavença entre o Brasil e os Estados Unidos” e declarou ter “todo interesse em construir uma relação extraordinária” com Washington.
O petista disse estar otimista e garantiu ter levado todas as pautas por escrito. “Não sei se o Trump vai ter tempo para discutir todos os assuntos, mas eu trouxe as pautas por escrito”, afirmou.
Além das tarifas, os líderes também devem discutir sanções aplicadas a cidadãos brasileiros, a crise na Venezuela e as tensões comerciais entre Washington e o Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Lula pretende defender a proposta de reduzir a dependência do dólar nas relações comerciais, ponto que desagrada Trump e tem gerado atritos entre os dois governos.
Diplomatas brasileiros avaliam que o encontro na Malásia funciona como um “termômetro político” para medir o grau de disposição dos Estados Unidos em revisar as sanções e retomar o diálogo econômico.