
O governador de Minas Gerais e pré-candidato à Presidência, Romeu Zema (Novo), afirmou nesta quarta (12) que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) colocou “interesses pessoais acima do país” ao atuar nos bastidores políticos dos Estados Unidos. Em entrevista, ele criticou a forma como o parlamentar conduziu as articulações internacionais e disse que o comportamento foi prejudicial à direita brasileira.
“Com certeza. Ele não foi muito feliz nas declarações dele. Não podemos colocar o direito pessoal, particular de alguém, acima do interesse da nação”, afirmou Zema em entrevista à coluna de Paulo Cappelli no Metrópoles.
Ele foi questionado se Eduardo teria cometido erros e afirmou que “o interesse de alguém pessoalmente [não pode] se sobrepor ao interesse de um país”. O governador avaliou que as declarações do deputado deram a entender que ele colocava questões pessoais e familiares acima dos interesses nacionais.
“Me parece que, naquele momento ali, ou ele não se manifestou bem ou fez alguma coisa que deu a entender isso, que uma pessoa é mais importante que um país. E nenhuma pessoa é mais importante que um país. Nem um presidente”, prosseguiu.
Zema também opinou que o episódio foi “ruim para a direita”, mas disse considerar o caso superado. “Acho que isso foi ruim para a direita, mas já é passado”, afirmou o pré-candidato, que tenta se firmar como uma alternativa liberal no cenário nacional e tem buscado se distanciar do bolsonarismo mais radical.
Durante a entrevista, Zema comentou ainda sobre a recente alta pontual na popularidade do presidente Lula. Segundo ele, o petista “surfou” o impacto do tarifaço imposto pelos Estados Unidos, medida do governo Donald Trump que afetou as exportações brasileiras. “Ele [Lula] surfou algumas ondas boas, como a do tarifaço, 60, 90 dias atrás. Foi uma onda boa. Mas onda vem e vai embora”, disse.
O governador ressaltou, porém, que o efeito positivo foi passageiro e que Lula voltou a enfrentar queda de aprovação devido à piora na percepção sobre a segurança pública. Para Zema, esse é um ponto sensível do governo federal e deve influenciar as próximas pesquisas eleitorais.
O “tarifaço” mencionado por Zema ocorreu quando Donald Trump anunciou aumento nas tarifas de importação contra o Brasil, citando o julgamento de Jair Bolsonaro, então prestes a ser condenado pelo STF a 27 anos de prisão. Eduardo Bolsonaro, na época, disse ter articulado sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, mas negou qualquer influência na decisão da Casa Branca.