VÍDEOS desmentem Castro sobre troca de tiros em “área de mata”

Atualizado em 29 de outubro de 2025 às 15:07
Policial aponta arma para motociclista durante operação no Rio. Foto: Mauro Pimentel/AFP

As imagens gravadas por moradores dos complexos do Alemão e da Penha contradizem a versão apresentada pelo governador Cláudio Castro (PL) sobre a megaoperação policial que deixou 132 mortos no Rio de Janeiro. Em coletiva nesta quarta (29), ele afirmou que os confrontos ocorreram “em área de mata”, argumento usado para justificar que as vítimas eram “bandidos”.

Os vídeos, no entanto, mostram intensa troca de tiros em áreas residenciais, com casas atingidas, ruas cobertas por cápsulas de bala e até animais mortos no asfalto, mostrando que parte dos combates aconteceu em zonas habitadas.

Moradores relatam que corpos continuam espalhados pelas comunidades, principalmente na região da Vila Cruzeiro. Durante a coletiva, o governador insistiu que “as únicas vítimas da operação foram os quatro policiais mortos” e classificou como “irrisório” o número de eventuais inocentes atingidos.

“Temos muita tranquilidade de defender o que foi feito ontem. Os verdadeiros quatro heróis foram os policiais”, disse Castro, no Palácio Guanabara.

Organizações de direitos humanos e a Defensoria Pública cobram uma investigação independente, alegando que há indícios de execuções sumárias. O número oficial de mortos diverge das estimativas de moradores, que afirmam que o total pode ser ainda maior.

O secretário de Segurança do Rio, Victor Santos, admitiu que nenhuma das vítimas foi identificada até o momento no Instituto Médico Legal (IML). Questionado sobre o critério que embasou a declaração de que todos os mortos eram criminosos, ele respondeu:  “Todo o planejamento foi feito para retirar o conflito da área edificada. Dificilmente quem trabalha estaria em uma floresta fechada, a não ser que estivesse a serviço da organização criminosa”.

Veja os vídeos:

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.