VÍDEOS – Jovens tomam as ruas do Peru; protestos têm um morto e mais de 100 feridos

Atualizado em 17 de outubro de 2025 às 13:28
Confronto entre manifestantes e policiais nas ruas de Peru, em meio a protestos. Foto: Connie France/AFP

O Peru vive uma nova onda de protestos liderada pela Geração Z (pessoas nascidas entre a segunda metade da década de 1990 e o início dos anos 2010), uma semana após o impeachment da ex-presidente Dina Boluarte. As manifestações, organizadas principalmente pelas redes sociais, tomaram as ruas de Lima e outras cidades exigindo mudanças na política e no combate à criminalidade.

Na quarta (15), confrontos com a polícia deixaram um homem de 32 anos morto e mais de 100 feridos, entre eles vários agentes de segurança. O movimento, composto majoritariamente por jovens, pede que o governo interino de José Jerí, atual presidente do Congresso e chefe de Estado até abril de 2026, adote medidas mais firmes contra a corrupção e a violência urbana.

Jerí, do partido conservador Somos Peru, assumiu o cargo após a destituição de Boluarte por “incapacidade moral permanente”, tornando-se o sétimo líder do país em apenas oito anos. A morte do manifestante Eduardo Ruiz Sáenz, artista de hip hop, acirrou a crise.

Veja o momento em que o artista é morto:

O chefe de Estado interino disse lamentar o ocorrido e anunciou uma investigação sobre o caso, alegando que criminosos infiltrados tentaram desestabilizar as manifestações. Já a congressista Ruth Luque afirmou que relatos preliminares indicam que Ruiz foi atingido por um tiro no peito, possivelmente disparado por um policial à paisana, segundo testemunhas ouvidas pela imprensa local.

A juventude peruana, articulada em plataformas como TikTok e X, acusa o Congresso de representar uma “elite envelhecida” e desconectada da realidade social. Os protestos pedem um presidente com “ficha limpa” e pressionam pela renúncia de Jerí, visto como herdeiro político de Boluarte.

O descontentamento tem raízes no aumento da violência urbana e em escândalos de corrupção que abalaram sucessivos governos. Extorsões, assaltos e ataques a motoristas de ônibus e táxis tornaram-se rotina, ampliando a sensação de insegurança.

Veja a repressão da polícia:

A situação se agravou após o ataque à banda de cumbia Agua Marina, que deixou quatro músicos feridos mesmo dentro de uma instalação militar, episódio que se tornou símbolo do colapso da segurança pública.

A queda de Boluarte contou com votos de partidos que antes a apoiavam, como o direitista Força Popular, de Keiko Fujimori, e o próprio Somos Peru. O rompimento refletiu a insatisfação generalizada com sua gestão, marcada por denúncias de autoritarismo e aprovação popular de apenas 3%, uma das mais baixas do mundo.

Boluarte permanece no país e afirmou que não pretende deixar o Peru enquanto responde a investigações por abuso de poder. Ela nega as acusações e diz ser vítima de perseguição política.

Veja como estão as ruas de Lima:

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.