
Vídeos sob análise da Secretaria de Segurança do Piauí mostram Victor Linhares, ex-assessor e aliado do senador Ciro Nogueira (PP-PI), em viagens internacionais com empresários apontados como principais investigados da operação Carbono Oculto 86. A investigação apura a infiltração do PCC (Primeiro Comando da Capital) no mercado de combustíveis do estado, incluindo lavagem de dinheiro, fraude fiscal e adulteração de combustíveis.
Os vídeos registram Linhares ao lado de Haran Santhiago Girão Sampaio e Danillo Coelho de Sousa, antigos donos da rede de postos HD, considerada pela polícia o núcleo do suposto esquema. Em um registro de fevereiro de 2023, eles aparecem fazendo brincadeiras dentro de um jato.
Em outro, de julho de 2024, surgem passeando na Itália. Os empresários e suas esposas negaram qualquer irregularidade em depoimento.
PAINEL | Vídeos que estão em posse da Secretaria de Segurança do Piauí mostram Victor Linhares, ex-assessor e um dos aliados mais próximos do senador Ciro Nogueira (PI), presidente do PP, em viagens internacionais com os principais investigados pela operação Carbono Oculto 86,… pic.twitter.com/jyBl5M5D22
— Folha de S.Paulo (@folha) November 14, 2025
Linhares não está formalmente entre os investigados, mas foi alvo de busca e apreensão e deve prestar depoimento na próxima semana. A Polícia Civil quer esclarecer sua relação com os supostos líderes do esquema.
A exoneração dele do cargo de secretário municipal de Articulação Institucional de Teresina ocorreu dois dias antes da operação, levantando suspeitas de possível vazamento de informações.
A Secretaria de Segurança afirma que o grupo utilizava empresas de fachada, fundos de investimento e fintechs para movimentar recursos. O esquema teria alcançado cerca de R$ 5 bilhões. Uma transferência de R$ 230 mil de Haran Sampaio para Linhares, feita via uma conta aberta no BK Bank — fintech investigada na operação — também está na mira, segundo o ICL Notícias.
Outros pontos chamaram atenção da polícia. Haran viajou a São Paulo e Danillo a Brasília na véspera da operação, sendo abordados em aeroportos. Nas residências dos alvos, agentes encontraram caixas vazias de relógios de luxo, o que levantou suspeita de remoção apressada de bens.
Linhares já trabalhou no gabinete de Ciro Nogueira entre 2018 e 2019 e na liderança do PP no Senado em 2020. O senador é padrinho de uma das filhas do ex-assessor. Procurado, Ciro não comentou o caso, e a reportagem não conseguiu contato com Linhares.
Uma reportagem da revista piauí publicada em julho revelou que Linhares recebeu R$ 625 mil de Fernando Oliveira Lima, o Fernandin OIG, empresário do setor de apostas e amigo de Ciro. No mesmo período, Linhares transferiu R$ 35 mil para a conta pessoal do senador. Ciro afirmou que se tratava do reembolso de uma reserva de hotel e de uma negociação de relógio de luxo entre o empresário e o ex-assessor. O senador viajou à Europa em maio no jatinho de Fernandin, investigado pela CPI das Bets.