
O presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), enfrenta uma intensa crise de imagem nas redes sociais. Segundo levantamento da agência Ativaweb, divulgado nesta semana, Motta tornou-se alvo de uma onda massiva de rejeição digital, com características simbólicas e abrangência nacional. O estudo analisou interações públicas entre os dias 24 e 30 de junho, em plataformas como Facebook, Instagram, X e TikTok.
Foram examinadas mais de 2,5 milhões de menções ao parlamentar por meio de ferramentas de inteligência artificial, análise semântica e mineração de dados em tempo real. Os dados indicam que a rejeição não está ligada a espectros ideológicos tradicionais. De acordo com Alek Maracajá, CEO da Ativaweb, a crise de imagem enfrentada por Motta é “do povo contra o sistema”. O deputado, segundo ele, foi simbolicamente transformado em vilão de um descontentamento coletivo.
Um dos principais catalisadores da crise foram vídeos com apelo emocional e estética informal que viralizaram ao contrapor o deputado à população de baixa renda. Esses conteúdos ajudaram a transformar um tema técnico — o orçamento público — em um símbolo de desigualdade e injustiça social. Motta acabou sendo retratado como representante de interesses elitistas, reforçando o sentimento de revolta entre os usuários.

O estudo identificou que 68% das interações analisadas eram puramente emocionais, com uso de linguagem simbólica, agressiva e altamente replicável. Foram expressões como “amigo dos ricos”, “Eduardo Cunha 2.0”, “mamata institucional” e “vergonha nacional” que dominaram o discurso público. O fenômeno foi descrito como viral, com alto grau de coordenação e precisão na distribuição dos conteúdos.
A análise destacou ainda que o fenômeno não se deu de forma espontânea, mas teve natureza orgânica aliada a técnicas de disseminação eficientes. Houve segmentação do público e uso de algoritmos para maximizar o alcance dos conteúdos. Essa movimentação criou um ambiente digital hostil, no qual qualquer menção ao nome de Motta provocava reações negativas em larga escala.
Além do rastreamento de palavras-chave, a Ativaweb utilizou agrupamento semântico e triagem de perfis para distinguir críticas estruturadas de manifestações emocionais. Essa metodologia permitiu mapear não apenas o volume, mas a intensidade da insatisfação com o parlamentar. Maracajá destaca que “não foi um algoritmo que destruiu a imagem de Hugo Motta. Foi o sentimento coletivo de um povo que cansou da política para poucos”.
Embora a rejeição venha se manifestando de forma generalizada, a pesquisa mostrou que o discurso encontrou maior eco em influenciadores digitais de perfis independentes, distantes de partidos ou grupos ideológicos tradicionais. Essa descentralização fortaleceu o apelo popular da crítica e dificultou ações de contenção por parte da equipe de comunicação do deputado.
Um dos vídeos feitos por IA:
O povo aprendendo a usar a IA para manifestar em video suas idéias de como funciona este CONGRESSO INIMIGO DO POVO com suas EMENDAS DA CORRUPÇÃO
fora CONGRESSO DA MAMATA. pic.twitter.com/bZNpta6MJJ— kjulimata conde (@kjulimata) July 3, 2025