“Vigília anticadeia”: a prisão de Jair está na conta de Flávio Bolsonaro. Por Nathalí

Atualizado em 22 de novembro de 2025 às 8:29
Flávio e Jair Bolsonaro

Enquanto escrevo esse texto com um sorriso no rosto, Jair Bolsonaro é conduzido até uma cela na Polícia Federal, preso preventivamente por decisão de Alexandre de Moraes, relator do processo em que figura como condenado pela trama golpista que deu terrivelmente errado.

No mandado, o Ministro, no auge de sua ética e decoro, determinou que a prisão fosse executada sem algemas e sem exposição midiática — muito diferente do que Moro e sua corja fizeram com Lula, porque nós não somos como eles.

O que ninguém parece estar percebendo é que a prisão, além de não ser midiática, é necessária graças à ideia de jerico de Flávio Bolsonaro:

A criatura inventou uma vigília em frente à casa de Bolsonaro para impedir sua prisão.

A vigília religiosa, convocada por Flávio para hoje às 19h “pela saúde do ex-presidente e pela liberdade do povo brasileiro”, é motivo suficiente para uma prisão cautelar justa.

Então, Flávio, o povo brasileiro jamais esteve tão livre quanto hoje.

Seu erro foi não ter notado que já não adianta utilizar sua massa de manobra pra proteger o pai: o cerco se fechou, agora é cadeia — os ministros do STF não nasceram ontem, meu anjo.

O que Flávio tentou defender foi a liberdade do pai, e o fez do modo mais estúpido possível, tendo conseguido apenas antecipá-la.

Sim, pode rir.

O tiro saiu pela culatra, e a prisão preventiva decretada por Xandão é indiscutivelmente constitucional e se baseia na necessidade de garantia da ordem pública.

Em outras palavras:

Pensaram que repetiriam a palhaçada que fizeram em frente aos quartéis?

Não no plantão de Xandão.

Agora, o discurso é que o pobre ex-presidente moribundo vai ter um piripaque na prisão.

Acontece que eu não sou coveira, e receio que vocês também não.

E se o plano deles era evitar o fim, ironicamente, foi justamente ali que ele começou.

Nathalí Macedo
Nathalí Macedo, escritora baiana com 15 anos de experiência e 3 livros publicados: As mulheres que possuo (2014), Ser adulta e outras banalidades (2017) e A tragédia política como entretenimento (2023). Doutora em crítica cultural. Escreve, pinta e borda.