Violento, inepto e golpista, Motta não tem condições de ficar na presidência da Câmara

Atualizado em 10 de dezembro de 2025 às 9:37
Hugo Motta

“É necessário a um príncipe, para se manter no poder, que aprenda a poder ser mau e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a necessidade”, escreveu Maquiavel.

Hugo Motta não sabe ser mau ou bom. Não sabendo impor respeito, recorre à violência para tentar ter autoridade. A única coisa que consegue é acanalhar-se e à casa que preside.

O episódio ocorrido em 9 de dezembro de 2025 revelou a crescente brutalidade nas práticas do sujeito, que se valeu da Polícia Legislativa para espancar o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que ocupava a cadeira da presidência em protesto contra seu processo de cassação.

O protesto de Glauber foi uma forma de questionar o tratamento desigual entre ele e outros deputados, como os bolsonaristas Carla Zambelli, Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem. Motta quer entregar Glauber, cedendo à chantagem de Flávio Bolsonaro. Eduardo será premiado com uma cassação por faltas, o que não lhe tira a elegibilidade.

Acuado como um rato, escolheu censurar as imagens da TV Câmara. A truculência não se limitou a Glauber: mulheres jornalistas foram expulsas do plenário na base da pancadaria (o timing é sugestivo: mulheres agredidas em meio a uma explosão de casos de feminicídio no país).

O comportamento autoritário de Motta, rei das emendas, ao invés de demonstrar controle e liderança, evidenciou sua inépcia como presidente da Câmara. Não soube lidar com o motim dos bolsonaristas, que o humilharam por horas, e resolve mandar bater em Glauber Braga. Um tiranete perdido, sem autoridade moral para liderar o Legislativo, pau mandado da extrema direita.

Caiu a máscara do coronel janota. Não tem a maldade eficiente de Arthur Lira, seu padrinho. Emula a brutalidade, e só ela, mas sem conseguir se impor, avacalhando de vez o Congresso.

É um imperadorzinho, à maneira de Cômodo, sucessor de Marco Aurélio, que gostava de lutar com os gladiadores para demonstrar força física. Morreu estrangulado na banheira por seu funcionário mais próximo, um homem chamado Narciso.

Kiko Nogueira
Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.