“Virou normal chantagear ministros”, diz Lindbergh após ameaça de Figueiredo a Mendes

Atualizado em 31 de julho de 2025 às 20:33
Lindbergh Farias, deputado federal. Foto: reprodução

O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara, reagiu nesta quinta-feira (31) às ameaças do influenciador bolsonarista Paulo Figueiredo ao ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A declaração ocorre em meio à escalada de tensões provocada pelas sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos contra Alexandre de Moraes, também ministro do STF, no âmbito da Lei Magnitsky.

“É ameaça atrás de ameaça. Virou normal chantagear ministro do Supremo? Agem como milicianos de gravata, como sequestradores que pedem ‘resgate’ em forma de anistia”, escreveu Lindbergh nas redes sociais, ao comentar a ofensiva de Figueiredo contra Gilmar. “Mas os ministros do STF têm dignidade e não se vendem. Um filho do Brasil não foge à luta. Solidariedade ao ministro Gilmar Mendes e a todos que resistem. Paulo Figueiredo, vocês vão ter que sancionar o país inteiro”, completou.

O episódio teve início após uma publicação de Gilmar Mendes no X feita na quarta-feira (30), em defesa de seu colega. O ministro ressaltou o papel do Supremo na proteção da democracia e que “diante dos ataques injustos”, declara “integral apoio ao Ministro Alexandre de Moraes”.

“Ao conduzir com coragem e desassombro a função de relator de processos que envolvem acusações graves, como um plano para matar juízes e opositores políticos e a tentativa de subversão do resultado das eleições, o Ministro Alexandre tem prestado serviço fundamental para a preservação da nossa democracia”, escreveu Gilmar Mendes ressaltando a independência da Corte.

Em resposta direta, Paulo Figueiredo escreveu: “Obrigado, facilita a vida para sancioná-lo quando há uma declaração tão explícita de apoio – prevista na própria Lei Magnitsky”.

A ameaça foi interpretada como mais uma tentativa do bolsonarismo em ampliar a pressão internacional contra o Supremo. Figueiredo, que vive nos Estados Unidos, se coloca como articulador das recentes sanções impostas por Washington contra Moraes, que agora está formalmente incluído na lista de punições do Departamento do Tesouro dos EUA, sob acusação de violação de direitos humanos.

O uso da Lei Magnitsky, tradicionalmente empregada contra autoridades de regimes considerados autocráticos, como Rússia, China e Venezuela, causou forte reação em Brasília.

O governo brasileiro considera a medida uma interferência inaceitável na soberania nacional, e o Itamaraty tem articulado respostas diplomáticas. Moraes, por sua vez, afirmou que continuará exercendo sua função com independência e que “jamais aceitará intimidações de qualquer natureza”.