Viúva de Bruno Pereira compara indigenista a Marielle e diz que assassinatos foram “afronta inédita”

Atualizado em 16 de julho de 2022 às 7:58
Montagem de fotos de Beatriz e Bruno Pereira e Marielle Franco
Beatriz Matos comparou Bruno Pereira a Marielle Franco – Arquivo Pessoal/Reprodução

Beatriz de Almeida Matos, viúva de Bruno Pereira, indigenista morto no Vale do Javari, concedeu uma entrevista à Folha de S. Paulo e comparou os desdobramentos da morte do marido e do jornalista britânico Dom Phillips com os da execução da vereadora Marielle Franco (PSOL), em 2018.

“Eu vejo essa coisa do [presidente Jair] Bolsonaro falar [que era uma aventura não recomendada], do presidente da Funai [Marcelo Xavier, tentar descredibilizar o trabalho dele]… A gente não sabe até acontecer com a gente, mas não é uma coisa de honra, é muito escroto as pessoas vilipendiarem a memória de alguém. Como quando rasgaram a placa da Marielle”, opinou a antropóloga, se referindo a um episódio em que os deputados Rodrigo Amorim (PTB) e Daniel Silveira (PTB) rasgaram uma placa feita em homenagem à vereadora, no Rio de Janeiro.

A viúva também se refere à maneira como os dois foram assassinados como uma “afronta inédita” e diz que o caso ocorre em meio a uma escalada de violência relacionada às ações do atual governo.

“De 2019 para cá, pessoas que trabalham em vários lugares estão vendo a violência escalar; madeireiros, garimpeiros, ficarem cada vez mais abusados, mais seguros para fazer ilícitos dentro das terras indígenas. É um clima de que pode tudo”, lamentou Beatriz.

A antropóloga, que viveu anos no Vale do Javari, disse que, depois que Maxciel Pereira, servidor da Funai, foi assassinado em Tabatinga, todo mundo ficou muito assustado e ela teve uma sensação de que algo errado estava acontecendo. Beatriz ainda ressalta que conflitos de pescadores sempre aconteceram na região, mas acha que a morte de seu marido tem a ver com o fato do assassinato de Maxciel não ter sido apurado, com o clima de impunidade.

Sobre seu último contato com Bruno, Beatriz lembra que, antes da viagem em que foi assassinado, o indigenista ligou para ela para falar sobre um cartão de crédito que estava para vencer. “Estou indo para uma reunião nas comunidades e volto rapidinho. Acho que segunda-feira (que é quando o cartão ia vencer) eu já estou online”, recordou a antropóloga, que afirmou que ele estava tranquilo e ela também.

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