Acho que falaremos por muito tempo da famigerada reunião ministerial do dia 22. São tantos os pontos que merecem a nossa atenção que vai nos tomar enorme tempo observa-los todos. Mas antecipo a sensação que, acredito, nos ficará; e ela não é novidade para mim: os nascidos nesse chão sem pátria encontram-se em meio a uma guerra de gangues pela posse do milionário Estado brasileiro.
Mas a reunião traz uma novidade: a crença dos mentirosos em sua mentira salvadora é sincera. Eles de fato se creem vítimas de um comunismo ameaçador desde de 64; e justificam armar-se para se defenderem dele.
Qualquer pessoa que viva na realidade sabe que essa ameaça é uma mentira que eles mesmo inventaram mas na qual parecem mesmo acreditar. São eles que ameaçam a liberdade, foram eles que decretaram o AI-5, torturaram e mataram opositores nos porões dos quartéis e, no entanto, eles se dizem ameaçados e em defesa da liberdade.
Toda vez que as regras – já tão precárias – da democracia os impõe limites, eles as entendem como uma restrição a liberdade deles! Eles odeiam o congresso e o STF, não pelos defeitos que têm, mas justamente pelas acidentais qualidades que ainda têm. A administração messiânica julga ter eleito um ditador; e os militares, como sempre, veem a democracia como um constrangimento a vontade deles de moldar o país ao desejo deles; constrangimento que eles se impõe tolerar para desculparem depois a sua ação autoritária como tendo sido necessária para manter a ordem que eles mesmos destruíram com a sua administração irresponsável. Um momento sinistro. Do outro lado são também poucas as vozes confiáveis, e menos ainda as vozes lúcidas, e, ainda menos, as vozes novas. O que fazer para escapar a guerra civil na qual só está armado a lado dos nazifascistas?
Estamos todos nos perguntando. Cuidarmos das eleições municipais, é o que devemos fazer, na minha opinião. Contra armas, o voto.
Quem são os candidatos confiáveis? Melhorar a administração das prefeituras é o que podemos fazer por agora.