Me perguntam se eu teria feito uma guinada para a esquerda.
A resposta é simples: não. Fiquei onde sempre estive.
O que aconteceu é que o PSDB, o partido em que votei quase sempre nos últimos anos, se deslocou para a direita nestas últimas eleições. Não para uma direita civilizada. Mas para uma direita preconceituosa, egoísta, sem nenhuma sensibilidade social. É um amontoado que me remete ao malufismo. Saem os motoristas de táxi, entram os gerentes. Basicamente, esta é a mudança.
Não me vi representado por Serra, em quem não enxerguei causa senão a dele próprio e suas ambições desmedidas, e nem me senti confortável ao lado dos serristas renitentes.
O próprio FHC já disse que o PSDB vive uma complicada crise de identidade. O PT acabou ocupando o centro, com um programa parecido com os da social-democracia européia. Com Serra, o PSDB se deixou empurrar para a direita.
Não comigo.
Não quero isso para mim.
Quero um Brasil escandinavo: com uma economia aberta e um Estado que iniba desigualdades chocantes, tudo isso apoiado numa cultura em que ninguém se sinta melhor ou pior que ninguém apenas por causa do dinheiro.
Se o PSDB se reinventar, e não será com Aécio, oco e provinciano, vou examinar com carinho a possibilidade de voltar a votar nele.
Se não, ficarei órfão na política, à espera de que algum partido novo apareça. Até lá, darei votos ocasionais, ao sabor das circunstâncias. Foi assim que votei em Dilma, para mim uma surpresa agradável na campanha, inteligente e articulada.
Se é verdade que Lula a escolheu pessoalmente, parece que ele fez um bom movimento.