A mensagem da história lembra Sócrates: você não é nem melhor nem pior que ninguém
Há um momento intensamente filosófico, sábio em “O Mágico de Oz”.
Já vou contar.
Antes, digo que fiz questão de assistir à nova montagem em Londres, no belo Palladium, um dos teatros mais antigos e historicamente relevantes do West End, a área central de Londres que congrega os musicais.
Isso porque, com minha caçula Camila, assisti à escolha, num programa da BBC, da garota que ia interpretar Dorothy, o papel principal da peça. No final deste texto, você encontra um vídeo do programa em que Danielle, a vencedora, interpreta um número.
Agora sim.
O momento filosófico se dá quando os amigos de Dorothy se queixam de suas limitações. Um deles se acha burro.
Diz o mágico: “Em minha terra as pessoas não são mais inteligentes que você. Mas têm uma coisa que você não tem. Um diploma.” E então passa ao infeliz um diploma, que prontamente eleva sua auto-estima.
Um outro lamenta ser covarde.
Diz o mágico: “Em minha terra as pessoas não são mais corajosas que você. Mas têm uma coisa que você não tem. Uma medalha.” E então passa ao infeliz uma medalha, que prontamente eleva sua auto-estima.
A sabedoria do mágico é digna de Sócrates.
Tendemos a achar que somos piores que os outros. Não somos. Quase sempre apenas não temos os adornos que são a marca do mundo em que vivemos – diplomas, medalhas e outras coisas que nos fazem pensar que nos elevamos sem que, na verdade, saiamos do chão.
O que o mágico estava dizendo aos sofredores era no fundo isso: “Vocês não são melhores do que ninguém. Mas também não são piores.”
É uma maneira perfeita de encarar a vida.
Este texto foi publicado no Diário do Centro do Mundo em 01 de maio de 2011.