
Foto: Daniel Marenco
Nesta terça-feira (23/08), em São Paulo, o principal assunto das conversas no almoço do presidente da República, Jair Bolsonaro, foi a operação autorizada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes sobre empresários bolsonaristas. Publicamente, o presidente não mencionou o assunto. Mas em privado, nas rodas de conversa, Bolsonaro se queixou do que chamou de absurdo da operação e incentivou seus interlocutores a se mobilizarem contra ela.
“Vocês têm que se defender! Os políticos se defendem, os delegados se defendem, o Ministério Público também”, exortou Bolsonaro a um grupo menor, ainda antes de pegar o microfone para discursar, no evento promovido pela associação Esfera Brasil na casa de seu fundador, João Camargo. “Vocês, grandes empresários, têm que se defender. Amanhã pode acontecer com um ou outro aqui”.
Durante o evento, também foi feito um desagravo a José Isaac Peres, de 82 anos, o fundador do grupo Multiplan, um dos membros da Esfera que foi alvo da operação já ocorrida. Parte da audiência aplaudiu e outra parte ficou quieta. Bolsonaro se manteve imóvel.
Ao longo de todo o dia, a Polícia Federal realizou buscas e apreensões em endereços ligados aos envolvidos e tomou depoimentos de todos eles, que defendiam, em conversas do grupo de WhatsApp “Empresários & Política”, um golpe de estado em caso de vitória de Lula nas eleições.
Além de Isaac Peres, também tiveram a quebra de sigilo bancário decretado Luciano Hang, dono da rede varejista Havan; José Koury, controlador do Multiplan; Meyer Nigri, fundador da Tecnisa; Afrânio Barreira Filho, sócio da rede de restaurantes Cocobambu; Ivan Wrobel, sócio da W3 Engenharia; Luiz André Tissot, da empresa de móveis de luxo Sierra; e Marco Aurélio Raymundo, dono da Mormaii.
O presidente evitou criticar diretamente a operação. Em vez disso, disse que os empresários que estavam no encontro eram “pessoas esclarecidas” e questionou se eles achavam “proporcional” e “razoável”, pelo que estava escrito nas conversas de WhatsApp, “uma pessoa ter seu sigilo bancário quebrado e suas redes sociais bloqueadas”.