Volta do nepotismo? STF tem maioria para que políticos possam nomear parentes

Atualizado em 23 de outubro de 2025 às 18:54
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, e o ministro Edson Fachin durante sessão no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília
Sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) em Brasília. Foto: Bruno Moura/STF

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria, por 6 votos a 1, para permitir a nomeação de parentes em cargos políticos, como secretarias municipais, estaduais e ministérios. O julgamento, iniciado nesta quinta-feira (23), será retomado na próxima semana para definir os limites da decisão e as condições para que essas nomeações sejam consideradas válidas.

O relator do caso, ministro Luiz Fux, votou no sentido de que a proibição ao nepotismo não se aplica aos cargos de natureza política, desde que os nomeados possuam qualificação técnica, idoneidade moral e que não haja configuração de nepotismo cruzado — situação em que diferentes autoridades trocam nomeações de familiares.

Seguiram o voto do relator os ministros Cristiano Zanin, André Mendonça, Nunes Marques, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli. Zanin sugeriu restringir as nomeações ao primeiro escalão, enquanto Mendonça defendeu que a autorização não se estenda a cargos de outros poderes, como o Ministério Público e tribunais.

A divergência foi aberta pelo ministro Flávio Dino, que se manifestou contra qualquer exceção à regra da Súmula Vinculante 13, de 2008, que proíbe o nepotismo na administração pública. Dino argumentou que a prática deve continuar vetada, inclusive em cargos de natureza política, e citou que a Lei de Improbidade Administrativa (14.230/2021) já enquadra o nepotismo como infração.

O recurso analisado trata de uma lei municipal de Tupã (SP), de 2013, que autorizava a nomeação de parentes de autoridades locais para cargos de secretário. O Ministério Público de São Paulo questionou a norma, e o Tribunal de Justiça do estado considerou o dispositivo inconstitucional.

Com repercussão geral reconhecida, a decisão do STF valerá para todos os casos semelhantes na Justiça. A Corte deve concluir o julgamento na próxima semana, quando os ministros devem definir as restrições e critérios aplicáveis às nomeações.