Walter Salles defende taxação de super-ricos ao vencer “Personalidade do Ano” com Fernanda Torres

Atualizado em 9 de julho de 2025 às 10:29
Walter Salles e Fernanda Torres recebem o prêmio de Personalidades do Ano no Faz Diferença 2024, em cerimônia no Teatro Copacabana Palace, no Rio de Janeiro – Foto: Reprodução/O Globo

Walter Salles e Fernanda Torres foram reconhecidos como as “Personalidades do Ano” no “Prêmio Faz Diferença 2024”, concedido pelo Globo em cerimônia no Teatro Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. Ambos foram premiados pelo impacto cultural e político do filme “Ainda Estou Aqui”, que venceu o Oscar de Melhor Filme Internacional.

Em discurso emocionado, Fernanda relembrou sua jornada com o papel de Eunice Paiva e a conexão pessoal com o Rio de Janeiro, onde o projeto nasceu: “Fiquei emocionada por estar no Rio porque esse filme nasceu aqui. Nasceu no Rio de Janeiro da minha infância. E porque esse cara (Walter Salles) fez muita diferença na minha vida”.

“É engraçado porque em todo o processo do filme eu fui abduzida: por uma mulher, por um diretor, por uma história, pelo Marcelo (Rubens Paiva), ao lado do Selton (Mello). Por dois anos. Não imaginava que eu fosse ficar dois anos na pele da Eunice, essa grande brasileira que muita gente e eu mesma não conhecia. Quem era Eunice Paiva?”.

Walter Salles, por sua vez, se emocionou ao lembrar a trajetória do filme e o impacto do livro de Marcelo Rubens Paiva, que inspirou o longa. “Esse filme não existiria sem o livro do Marcelo. O livro de uma coragem de alguém que reconstrói a história, a memória de sua família e, ao mesmo tempo, reconstrói a memória do Brasil”, afirmou.

O diretor também aproveitou o momento para defender a justiça social e a importância da democracia, sinalizando seu apoio às discussões recentes sobre a taxação dos super-ricos.

“Quero deixar todo o meu apoio à tributação progressiva, todo o meu apoio à taxação das grandes fortunas e com a democracia e a justiça tributária”, disse o cineasta.

Sobre o longa, o diretor enfatizou que o filme é uma produção sobre resistência e afeto: “É um filme sobre uma família que acreditava num país livre e independente. Eu acho que esse sonho desse país e dessa família ter a possibilidade de um futuro nele foi roubada pela ditadura militar. Então, nós fizemos um filme sobre perda, sobre ausência, mas também sobre resistência. Sobre uma mulher ensina que é possível resistir com afeto”.

Ele concluiu dizendo que a democracia só pode existir plenamente com justiça, reiterando seu compromisso com um Brasil mais justo e igualitário.

O “Prêmio Faz Diferença” é promovido por O GLOBO e Firjan SESI, com apoio da Naturgy e da Petrobras.