Washington Post: o plano de Trump para deslocar palestinos e transformar Gaza em resort turístico

Atualizado em 31 de agosto de 2025 às 21:33
Pessoas em meio aos escombros de Gaza
Moradores em meio aos escombros em Gaza – Fadi Whadi/Reuters

Um plano pós-guerra para Gaza circula no governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e prevê que os EUA assumam a administração do território por ao menos dez anos. O documento, de 38 páginas, foi obtido pelo Washington Post e descreve a realocação temporária de moradores, além da reconstrução de Gaza como destino turístico e centro de manufatura. A proposta é assinada pela Gaza Humanitarian Foundation (GHF), grupo apoiado por Washington e Israel.

De acordo com o jornal, os cerca de 2 milhões de habitantes seriam deslocados de forma “voluntária” para outros países ou para áreas restritas dentro do território durante o processo de reconstrução. Palestinos receberiam US$ 5 mil em dinheiro, subsídios de aluguel por quatro anos e um ano de alimentos. Cada proprietário teria ainda um “token digital” que garantiria o direito de reconstruir a propriedade após o término das obras.

A proposta também inclui a criação de campos de grande porte chamados “Áreas de Trânsito Humanitário”, dentro e fora de Gaza, para abrigar temporariamente a população. O projeto foi batizado de “Gaza Reconstitution, Economic Acceleration and Transformation Trust” (GREAT Trust), elaborado pela GHF em coordenação com militares israelenses e empresas privadas de logística e segurança dos EUA.

presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com as mãos próximas à boca, gritando, sem olhar para a câmera, sério
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump – Divulgação

A GHF atua desde maio na distribuição de alimentos no território e, segundo a ONU, mais de mil palestinos morreram tentando acessar ajuda em áreas controladas pelo grupo, a maioria atingida por forças israelenses. Israel defende a fundação por considerar que a ajuda coordenada pela ONU seria desviada por militantes. A Casa Branca e o Departamento de Estado não comentaram oficialmente o plano.

Em fevereiro, Trump declarou publicamente que os EUA deveriam “assumir” Gaza e transformá-la na “Riviera do Oriente Médio”, após reassentar os palestinos. A fala provocou forte reação de comunidades palestinas e de organizações humanitárias, que veem risco de deslocamentos forçados em larga escala.

Enquanto isso, forças israelenses intensificaram os bombardeios na Cidade de Gaza durante o fim de semana, com ataques aéreos e terrestres que destruíram casas e forçaram novas famílias a deixar a região. O gabinete de segurança do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu se reuniu no domingo para discutir a tomada da cidade, em meio à expansão das operações militares e à suspensão de pausas temporárias para a entrada de ajuda humanitária.

Jessica Alexandrino
Jessica Alexandrino é jornalista e trabalha no DCM desde 2022. Sempre gostou muito de escrever e decidiu que profissão queria seguir antes mesmo de ingressar no Ensino Médio. Tem passagens por outros portais de notícias e emissoras de TV, mas nas horas vagas gosta de viajar, assistir novelas e jogar tênis.