
O webnamoro, prática em que homens pagam para manter relacionamentos afetivos virtuais com criadoras de conteúdo adulto, tem se consolidado como uma nova fonte de renda no mercado digital. Mais do que vender fotos sensuais ou vídeos explícitos, muitas dessas mulheres oferecem “carinho virtual personalizado” para assinantes que buscam atenção, afeto e companhia — mesmo que tudo aconteça online.
Carência e afeto digital impulsionam o mercado
Segundo um estudo da startup Vibx, especializada em automação para o setor adulto, a chamada “economia do afeto digital” cresce à medida que homens entre 25 e 40 anos, com poder aquisitivo, buscam conexões emocionais em plataformas pagas. A maioria quer relações sem cobranças, em que seus desejos são atendidos sem restrições — algo que dificilmente ocorre em relacionamentos presenciais.
“É uma forma de me sentir especial, querido e desejado. Não tem cobranças entre a gente, e ela sempre faz aquilo que eu peço”, diz Rafael (nome fictício), de 45 anos, empresário que recorreu ao webnamoro após enfrentar dificuldades para manter relações presenciais.
Ele se autodefine como um tipo de sugar daddy virtual: paga para manter um vínculo afetivo com uma criadora, que envia vídeos, mensagens e demonstra interesse pelo seu dia.
“Eu tenho consciência de que essa é uma relação apenas virtual e que eu pago por isso. Mas não vejo como um trabalho e, para mim, o importante não é o valor financeiro, mas a atenção que ela me dá”, afirma Rafael.
Criadoras relatam alta demanda por atenção emocional
A criadora Kerolay Chaves, 24 anos, natural do Rio de Janeiro, atende pedidos de webnamoro há três anos. Ela conta que muitos homens não buscam sexo ou nudez, mas alguém que os escute.
“Eu faço o papel de namoradinha deles. Hoje em dia, o público masculino procura muito isso, ter alguém com quem conversar, desabafar. Na realidade, nem é muito o lado romântico da coisa. O foco principal que muitos buscam é ter essa atenção.”
Kerolay personaliza vídeos e interações para atender esse público e diz manter uma agenda para organizar os pedidos. Com isso, ela afirma ter uma renda mensal de R$ 20 mil.
Já Karol Rosalin, 26 anos, afirma que o namoro virtual exige dedicação diária. “Tem que mandar mensagem de ‘bom dia’, com declarações; eles querem que eu grave vídeos dizendo o nome deles, tire fotos com o nome escrito no meu corpo e envie áudios. Muitos pedem coisas assim: ‘Fala meu nome, me chama de namorado, me dá bom dia’.”
Ela conta que alguns clientes desejam atenção quase em tempo integral e que esse tipo de relação, mesmo sendo virtual, é altamente lucrativa.
“É uma realidade muito diferente, mas existe muito. Eles pedem vídeos com lingerie específica, para falar o nome deles. Tem homem que, se deixar, fala comigo o dia todo.” Seu faturamento mensal gira em torno de R$ 30 mil.