Weintraub age cada vez mais como líder de blitzkrieg de um governo natimorto. Por Átila Drelich, de Israel

Atualizado em 30 de maio de 2020 às 23:20
Weintraub

POR ÁTILA DRELICH, de Israel

A medida que o cerco contra o governo Bolsonaro vai se fechando, curiosamente, a narrativa de seus operadores políticos recorre cada vez mais, à simbologia dos eventos que cercam o Holocausto.

O uso reiterado de comparações entre a perseguição desferida contra o povo judeu, no período compreendido entre anos de 1930 a 1945 e os dissabores legais vividos por um governo de forte inspiração totalitária, indica a completa ausência de capacidade política deste governo para responder adequadamente às suspeições a que vem sendo submetido.

Deixando de lado qualquer escrúpulo, o ministro da Educação age cada vez mais como uma espécie de blitzkrieg de um governo natimorto, quando tenta colar a sua desgastada imagem ao horror vivido por 6 milhões de judeus.

Não por outra razão, o Museu do Holocausto tanto no Brasil, quanto em Israel, bem como o Comitê Judaico Americano, além da Embaixada de Israel no Brasil e a CONIB, juntamente com as suas afiliadas, já perderam a paciência com essa forma imoral de apropriação da dor inflingida ao nosso povo.

Fica cada vez mais evidente, ao contrário do que afirmou o secretário de comunicação Fábio Wajngarten, que há uma clara decisão política, que é compartilhada tanto pelo Presidente da República, quanto por seus Ministros, de banalizar a memória do povo judeu por meio do uso frequente dos acontecimentos terríveis que se abateram sobre o nosso povo.

A recente comparação, feita pelo Ministro da Educação entre os eventos que tiveram lugar na Noite dos Cristais, com as decisões exaradas pela Corte Suprema da justiça brasileira, é profundamente ofensiva, pois rebaixa o Genocídio perpetrado contra milhões de seres humanos, a uma simples querela judicial.

A maior parte da comunidade judaica brasileira já não aceita mais essa manipulação dos fatos que tanta dor evocam em nosso povo e o completo desrespeito desse governo, à memória das milhões de vidas perdidas para o ódio antissemita.

Não desapareceu de nossa memória aquele teatro do absurdo envolvendo o ex-Secretário de Cultura Roberto Alvim e ainda aguardamos uma retratação pública do Ministro das Relações Exteriores por suas desairosas declarações.

Nossa comunidade segue bastante atenta, a esse jogo de duplos significados que ora usa a ópera de Richard Wagner e ora usa copos de Leite, para transmitir valores que nos são odiosos.