Weintraub sai do MEC? Não comemore, a razão pode ser nada educada. Por Fernando Brito

Atualizado em 13 de dezembro de 2019 às 11:10

Publicado originalmente no blog Tijolaço

POR FERNANDO BRITO

Renata Cafardo, no Estadão, diz que os pedidos de demissão de auxiliares próximos do cidadão Abraham Weintraub, que se senta na cadeira de Ministro de Educação antecipa a sua saída do cargo, do qual está tirando férias informais, ao qual não votaria mais.

Devagar com as comemorações, já de início porque no governo Bolsonaro, é sempre possível que o próximo escolhido seja pior, como aconteceu com o próprio Weintraub ao substituir o patético Ricardo Velez.

Mas também porque as razões podem ser outras.

Cafardo diz que Weintraub “é malvisto” pelo Ministro da Economia, Paulo Guedes.

Paulo Guedes, casualmente, é irmão de Elisabeth Guedes, presidente da Associação Nacional de Universidades Privadas.

Hoje, no Twitter, Weintraub deu uma pista do que pode estar por trás desta movimentação por sua saída.

Destacou como “o mais importante” o trecho de seu depoimento na Câmara aquele em que, respondendo ao deputado Tiago Mitraud, do Novo, diz:

— Existem interesses de grupo que não são de esquerda na área de Educação. Eu estou falando loucura aqui? Existem grupos, sim, privados, com interesse em ter outro Ministro da Educação. E estes grupos, da área privada, não querem o Abraham Weintraub lá.

Com a nota no Estadão, veio depressa Miriam Leitão fazer coro em O Globo, dizendo que sua saída do MEC “seria um avanço ” e que “Weintraub consegue desagradar a todos, até dentro do governo. No Ministério da Economia acha que ele toma decisões que afetam outras pastas sem ouvir os colegas.”

Faz meses que é uma obviedade que Abraham Weintraub não está nem perto das qualidades necessárias para ser Ministro da Educação, e que sua estupidez e grosserias já o deveriam tirado de lá. Não lhe tenho qualquer simpatia e estou, inclusive, sendo processado por ele, a quem terei o prazer de derrotar na Justiça.

Nenhuma das barbaridades que disse e fez o abalou no cargo. Ao contrário, exatamente por isso, tornou-se ídolo da matilha.

Portanto, procurem-se razões outras, muito outras.