Xi, Putin e Modi exibem proximidade notável em cúpula na China

Atualizado em 1 de setembro de 2025 às 13:25
Vladimir Putin, presidente da Rússia, Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, e Xi Jinping, presidente da China. Foto: reprodução

Os líderes da China, Rússia e Índia se encontraram nesta segunda-feira (1º) em Tianjin, no leste da China, durante a cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCX). O gesto mais simbólico foi a entrada conjunta do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, e do presidente russo, Vladimir Putin, de mãos dadas, em direção ao presidente chinês, Xi Jinping.

Risos, apertos de mão e até um momento de união tripla transmitiram uma mensagem de alinhamento frente à influência dos Estados Unidos.

A encenação, segundo analistas, teve como objetivo mostrar que Pequim e Moscou caminham lado a lado em defesa de uma ordem internacional alternativa. Para Modi, o recado foi de que a Índia mantém opções estratégicas relevantes, inclusive com a China, mesmo em meio ao impasse sobre a fronteira no Himalaia. O gesto também serviu como resposta às tarifas impostas pelo governo Trump, que atingem 50% sobre alguns produtos indianos após a compra de petróleo russo.

O encontro reuniu mais de 20 chefes de Estado, com destaque para Irã, Cazaquistão, Quirguistão, Belarus e Paquistão, países que orbitam a aliança sino-russa. No discurso de abertura, Xi criticou o que chamou de “mentalidade de Guerra Fria, confrontos de blocos e intimidação”. Putin, por sua vez, voltou a responsabilizar o Ocidente pela guerra na Ucrânia e relatou já ter informado Xi em detalhes sobre a recente reunião que teve com Trump no Alasca. Modi defendeu “multilateralismo e uma ordem inclusiva”, pedindo maior espaço para países emergentes.

O simbolismo da “troika” – termo usado por Moscou para designar essa aproximação tripartite – foi reforçado por gestos paralelos, como a carona que Putin deu a Modi em sua limusine, em um diálogo de 50 minutos antes de uma reunião bilateral. O premiê indiano publicou fotos e exaltou a parceria com a Rússia, afirmando que 1,4 bilhão de indianos aguardam a visita de Putin a Nova Délhi em dezembro.

Apesar das imagens de cordialidade, persistem tensões significativas. China e Índia seguem em atrito por causa da fronteira, e Nova Délhi desconfia de Pequim. A Rússia, enfraquecida por sanções, não pode substituir o apoio econômico ocidental que a Índia busca. Já Pequim observa com cautela a influência russa sobre a Coreia do Norte.