
A deputada bolsonarista Júlia Zanatta (PL-SC) criticou neste domingo o aumento da migração para Santa Catarina, alertando que a chegada de moradores de outros estados pode alterar o perfil político do eleitorado local. Em vídeo publicado nas redes sociais, a parlamentar bolsonarista afirmou que “quem chega nem sempre compartilha dos nossos valores” e declarou que “não podem vir para cá e votar na esquerda”.
Segundo ela, a migração crescente pressiona os serviços públicos e ameaça as tradições conservadoras do estado. A fala da deputada repercutiu após a divulgação do Censo 2022 do IBGE, que revelou Santa Catarina como o estado com maior ganho populacional via migração entre 2017 e 2022.
No período, o estado teve saldo positivo de 354.350 pessoas, o equivalente a 4,66% da sua população total. Zanatta destacou que esse fluxo tem causado problemas em cidades como Chapecó e Criciúma, citando lotações em hospitais, falta de vagas em creches e crescimento de loteamentos irregulares como algumas das consequências.

O fenômeno marca uma inflexão na dinâmica migratória brasileira. Pela primeira vez, estados tradicionalmente receptores, como São Paulo e Rio de Janeiro, apresentaram saldos migratórios negativos.
São Paulo teve mais saídas do que entradas: 826 mil pessoas deixaram o estado, contra 736 mil que chegaram, resultando em um saldo negativo de 90 mil moradores. Já o Rio perdeu 165.360 pessoas para outros estados, especialmente para São Paulo (21,4%), Minas Gerais (17,7%) e Espírito Santo (7,3%).
Para Zanatta, a migração só deve ser bem-vinda se estiver associada ao trabalho e ao respeito pelas tradições locais. “Quem quiser vir para Santa Catarina tem que contribuir e respeitar nossas raízes”, afirmou.
A deputada associou o crescimento populacional à possibilidade de avanço político da esquerda em um estado que, segundo ela, “sempre se manteve longe” dessa corrente ideológica. O tema acirra o debate sobre os impactos sociais e eleitorais da mobilidade interna no Brasil.