Zanin nega suspensão de processo contra o bolsonarista Cariani por tráfico

Atualizado em 11 de novembro de 2025 às 13:48
O influenciador bolsonarista Renato Cariani. Foto: Reprodução

O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou um pedido da defesa de Renato Cariani para suspender o processo no qual o influenciador bolsonarista é acusado de tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro. Os advogados afirmavam que a Justiça paulista seria incompetente para conduzir o caso, mas o magistrado decidiu que não há ilegalidade no andamento da ação.

A defesa alegou que, por a investigação ter começado na Polícia Federal, o processo deveria tramitar na Justiça Federal. No habeas corpus, os advogados José Eduardo Martins Cardozo e Aldo Romani Netto sustentaram que os crimes apurados teriam conexão com supostas irregularidades envolvendo sistemas da União, o que justificaria o deslocamento de competência.

Zanin, porém, ressaltou que os delitos atribuídos a Cariani ocorreram no âmbito estadual e não atingiram bens ou serviços da União. Para o ministro, a participação inicial da PF teve caráter apenas preliminar e não impede que a etapa judicial seja conduzida no Tribunal de Justiça de São Paulo.

Ele afirmou que, ao longo das apurações, surgiram fatos ligados exclusivamente à Justiça estadual. “Não se nega que as investigações tenham sido deflagradas pela Polícia Federal”, escreveu Zanin, ao apontar que a inserção de dados em sistema federal não impedia o desdobramento do caso na esfera estadual.

Em outro trecho, acrescentou: “Nada de irregular, portanto”. Assim, o processo segue normalmente em São Paulo.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cristiano Zanin. Foto: Reprodução

A denúncia afirma que Cariani e seus sócios integrariam uma organização criminosa dedicada ao desvio de produtos químicos controlados para laboratórios clandestinos de refino de cocaína. As substâncias seriam desviadas a partir da Anidrol, empresa vinculada ao influenciador, utilizando notas fiscais falsas e transportes irregulares.

As investigações identificaram movimentações financeiras suspeitas, documentos adulterados, motoristas inexistentes e remessas de insumos incompatíveis com a capacidade dos veículos usados. A PF chegou a apontar vínculos entre empresas ligadas a Cariani e o PCC, com o objetivo de abastecer laboratórios clandestinos e ampliar o lucro com o aumento do volume da droga refinada.

O esquema, segundo a PF, operava com empresas licenciadas que adquiriam substâncias controladas, simulavam vendas fraudulentas, desviavam os produtos para intermediários e abasteciam pontos de produção de cocaína. Os valores obtidos eram lavados por meio de operações em dinheiro e transações ocultas.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.