O governo da Ucrânia cancelou uma reunião planejada pelo presidente Volodimir Zelenski com líderes da América Latina em Nova York, nos Estados Unidos, devido ao baixo número de confirmações de presença. O encontro, que seria paralelo à Assembleia-Geral da ONU, tinha como objetivo buscar apoio simbólico dos governos latino-americanos na guerra contra a Rússia. Mas a resposta limitada fez com que Kiev revisse seus planos e adiasse o evento para 2025.
A tentativa de Zelenski de reunir líderes da região visava fortalecer alianças e destacar a importância de defender “os princípios da lei internacional”, além de discutir a participação de países latino-americanos na futura reconstrução da Ucrânia.
Entre os líderes convidados, estava o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), conhecido por sua postura distante em relação ao conflito e por declarações criticadas pela Ucrânia, como a sugestão de que ambos os lados do embate seriam responsáveis pela guerra.
Com poucas confirmações de presença, sendo uma delas a do presidente da Guatemala, Bernardo Arévalo, o governo ucraniano considerou que o momento não era adequado e que a realização do encontro poderia ser interpretada como uma demonstração de falta de apoio.
Em eventos anteriores, como a cúpula organizada pela Suíça em junho, os líderes de países latino-americanos se mostraram divididos em relação ao conflito. Na ocasião, 11 governos da região participaram, mas nem todos enviaram chefes de Estado. O Brasil participou apenas como observador, e o México também não endossou a declaração final do evento. Já Gustavo Petro, da Colômbia, cancelou sua viagem na última hora.
Zelenski tem apoio consolidado entre as potências ocidentais, como o G7 e a OTAN, mas enfrenta dificuldades em angariar apoio no chamado Sul Global, que inclui países em desenvolvimento da América Latina.
A relação conturbada com o Brasil é um exemplo disso. Lula iniciou seu terceiro mandato com a intenção de mediar o conflito, mas suas declarações, consideradas próximas ao discurso de Vladimir Putin, acabaram distanciando o Brasil das principais discussões diplomáticas sobre a guerra.
Um momento simbólico dessa tensão ocorreu em maio de 2023, quando ambos os líderes participaram da cúpula do G7 em Hiroshima, no Japão, mas uma reunião esperada entre Zelenski e Lula não aconteceu. Meses depois, em setembro, eles se encontraram à margem da Assembleia-Geral da ONU em Nova York, mas o encontro não foi suficiente para diminuir as desconfianças mútuas.
Mais recentemente, o Brasil tentou apresentar uma proposta de paz em conjunto com a China, durante uma viagem do assessor internacional de Lula, Celso Amorim, a Pequim. A proposta, que apresentava seis pontos para a construção de um processo de paz, foi rejeitada pela Ucrânia, com Zelenski classificando os termos como destrutivos.
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