
Em 2024, os países integrantes dos Brics — bloco que reúne, além do Brasil, nações como China, Índia, Rússia e África do Sul, além de outros sete novos membros — foram responsáveis por 42% das exportações de Minas Gerais. O grupo importou US$ 17,6 bilhões dos US$ 41,9 bilhões exportados pelo estado no ano passado, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
As críticas ao bloco foram feitas pelo governador Romeu Zema (Novo) ao longo da semana. Na terça-feira (29), em entrevista ao UOL, Zema sugeriu que a adesão brasileira aos Brics estaria relacionada à decisão dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos do Brasil. Ele afirmou que a participação do país no grupo “não agrega nada” e insinuou um desalinhamento cultural e político entre o Brasil e os demais membros.
A China, que lidera as importações de produtos mineiros, adquiriu US$ 15,4 bilhões em 2024, o que equivale a cerca de R$ 85,4 bilhões. O estado também bateu recorde histórico de exportações no ano passado, segundo a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Os principais produtos embarcados foram minério de ferro (29,95%), café (18,7%), soja (6,99%), açúcar (5,67%) e ferroligas (5,4%), que somaram quase US$ 30 bilhões.
Além dos cinco membros fundadores, os Brics passaram a contar com Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã.
As declarações de Zema marcaram uma escalada de críticas. Após a entrevista, ele voltou ao tema em evento na Fiemg, na quarta-feira (30), e publicou na quinta (31) um artigo na Folha de S. Paulo defendendo a saída do Brasil do Brics e a entrada na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), formada por 36 países, incluindo os Estados Unidos.
Para Zema, o Brics “se transformou em instrumento de política interna disfarçada de política externa” e serve a “líderes autoritários que buscam confrontar o Ocidente, especialmente os EUA”. Segundo ele, o alinhamento brasileiro ao bloco teria contribuído para o agravamento da crise comercial com os norte-americanos.