Zema quer doutrinar estudantes mineiros com autora irrelevante. Por Luís Felipe Miguel

Atualizado em 15 de agosto de 2020 às 9:53
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) Foto: Divulgação

PUBLICADO NO FACEBOOK DO AUTOR

POR LUIS FELIPE MIGUEL

Zema, o desastroso governador de Minas, do anacrônico partido “novo”, determinou que Ayn Rand é autora obrigatória nas aulas de Filosofia das escolas estaduais.

A justificativa é que seria necessário incluir pensadores liberais.

O problema não é Rand ser liberal. É que ela dificilmente se qualifica como pensadora. É uma propagandista vulgar e caricata, que não tem nenhuma – repito, nenhuma – importância na história da filosofia.

Não é que ela seja citada apenas em notas de rodapé de qualquer manual sobre filosofia do século XX. Ela não é sequer citada.

Tornou-se objeto de culto para alguns ultraliberais, mas isso não concede à obra dela qualquer importância. Fora dessas seitas, é reconhecidamente uma piada.

Não existe nenhuma justificativa para incluí-la numa aula de Filosofia para o ensino médio – exceto, é claro, o proselitismo de extrema-direita.

É como incluir, sei lá, Rodrigo Constantino ou Leandro Narloch como bibliografia obrigatória num curso de pensamento político brasileiro contemporâneo.

Há muitos autores liberais relevantes, cuja obra uma pessoa culta deve conhecer. Ayn Rand definitivamente não é um deles.

Doutrinação é isso.