Zero Hora admite uso político de “briga familiar” para atingir Juliana Brizola

Atualizado em 24 de outubro de 2025 às 17:08
A ex-deputada e pré-candidata ao governo estadual Juliana Brizola. Foto: Divulgação

O jornal Zero Hora [ZH] admitiu, na edição desta 6ª feira, 24/10, que fez uso político da “briga familiar” ao vazar conclusões preliminares do inquérito sigiloso envolvendo a família materna da ex-deputada e pré-candidata ao governo estadual Juliana Brizola, do PDT.

Nas explicações sobre o vazamento, a colunista Rosane de Oliveira afirmou ter conhecimento do indiciamento da Juliana desde o dia 21 de outubro, mas que “nada foi publicado antes porque até então era somente uma briga familiar”.

Ora, se “até então [dia 21] era somente uma briga familiar”, por qual razão o vazamento foi publicado na versão online do site da RBS menos de 24 horas depois, na noite de 22 de outubro, e replicado na edição impressa do dia seguinte, 23 de outubro?

Sintomaticamente, no texto da edição impressa de 22 de outubro –escrito, portanto, no máximo até a noite do dia 21– a colunista já antecipara, em tom premonitório e ameaçador, que “muita água ainda vai rolar por debaixo da ponte [ou sobre os telhados de vidro]”, e alertou que “fatos novos podem implodir ou alavancar uma candidatura”.

O vazamento do inquérito foi um ato criminoso, que aguarda do governador Eduardo Leite as providências [ainda não anunciadas] para apurar a ação de agentes do seu governo implicados no crime.

O jornal não inventou o conteúdo, que é sigiloso, mas foi receptor privilegiado do vazamento. Diante da natureza sensível do assunto –e, ainda por cima, privado, familiar e sigiloso–, Zero Hora deveria ter avaliado se seria ético publicizá-lo, pois sabia de antemão que o vazamento poderia causar enorme dano à honra pessoal e à imagem política de uma pré-candidata ao governo do RS, com impacto no processo eleitoral do próximo ano.

Prédio do jornal Zero Hora. Foto: Divulgação

É muito intrigante que a defesa da Juliana não tenha tido acesso à conclusão do inquérito enquanto o jornal do grupo RBS recebia seu conteúdo na íntegra.

As explicações da jornalista Rosane de Oliveira na coluna de hoje evidenciam o viés político do vazamento, claramente interessado em atingir a pré-candidata.

O jornal reproduziu a condenação a priori da Juliana, excluindo todos os argumentos em sua defesa. Simplesmente replicou as conclusões da delegada responsável pelo inquérito.

Com a cobertura enviesada do caso, a RBS quer condenar Juliana a qualquer preço. Rosane de Oliveira assume as funções de promotora e juíza, e diz que “tudo o que ela [Juliana] precisa fazer para evitar uma condenação é explicar as transferências para terceiros, entre os quais estão a mãe e o irmão, e provar que o dinheiro foi devolvido”.

E, com impressionante petulância, conclui que “se [Juliana] tivesse feito isso durante o inquérito, a delegada Ana Luiza Caruso não a teria indiciado” [grifo no original].

Decorridas 48 horas desde o vazamento ilegal do inquérito sigiloso da Polícia Civil, o governador Eduardo Leite mantém-se silente e omisso, o que significa conivência com o crime cometido por subordinados seus.