Zezé Di Camargo recebeu R$ 1,27 milhão da campanha de Lula e ficou “maravilhado”

Atualizado em 15 de dezembro de 2025 às 14:31
Dona Marisa, Zezé Di Camargo e Lula em 2002. Foto: Ricardo Stuckert

Zezé Di Camargo, que anunciou o rompimento com o SBT após a emissora abrir espaço para Lula e o ministro Alexandre de Moraes no lançamento do SBT News, fez um show no Festival da Pesca 2025, em Novo São Joaquim, município pernambucano com cerca de 7 mil habitantes.

A apresentação ocorreu em agosto de 2025. Pelo contrato, publicado no Diário Oficial dos Municípios, o cantor recebeu R$ 486 mil. Nas redes sociais, Zezé criticou a linha adotada pelo SBT após a morte de Silvio Santos, a quem atribui uma orientação política diferente da atual direção da emissora. Disse que esse é um dos motivos centrais para sua desistência de participar de um especial de Natal.

No desabafo, afirmou que as mudanças promovidas pelas filhas de Silvio Santos na gestão do canal não combinam com seus valores pessoais e chamou-as de prostitutas.

Apesar das críticas, Zezé não demonstrou incômodo em se apresentar em cidades com dificuldades financeiras. Novo São Joaquim está em situação de emergência desde janeiro e, ainda assim, destinou recursos elevados para o evento. O município já havia gasto R$ 450 mil em um show do cantor Eduardo Costa, também apoiador de Jair Bolsonaro.

Em 2002, a campanha de Lula pagou R$ 1,27 milhão à empresa da dupla Zezé Di Camargo & Luciano. O valor correspondeu, segundo relatou a Folha de S.Paulo, à estrutura de 11 comícios no primeiro turno e seis no segundo, com custo de R$ 75 mil por participação.

Ricardo Kotscho, integrante da campanha de Lula à época, afirmou que a atuação de artistas em comícios segue uma lógica profissional. Segundo ele, Zezé e Luciano já participaram de campanhas de diferentes partidos e, em geral, apenas se apresentam e deixam o local. No caso da campanha petista, porém, houve momentos de interação política no palco.

Adilson Laranjeiras, assessor de Paulo Maluf, resumiu esse modelo de forma direta: quem paga mais, contrata. Ele afirmou que, em campanhas recentes, preferiu não investir em atrações musicais.

Paulo Viana, advogado da dupla Zezé Di Camargo & Luciano, afirmou que a relação com o PT começou quando ele ouviu a música da dupla “Meu País” sendo gravada num estúdio, e há três anos fez a aproximação com Lula.

“Percebi que a música tinha a cara do Lula, insisti para ele escutar. Ele adorou. Em 2001, o Duda Mendonça negociou a cessão dos direitos da música, disse que ia usá-la no horário político. Como teve uma repercussão grande, o Lula quis conhecer o Zezé e agradecer a cessão”, diz Viana.

“Fizemos a coisa formalmente, para não parecer interesse, e acabamos cedendo a música de graça. O Zezé ficou maravilhado com o Lula, disse que ele estava preparado mesmo para governar”.