
O presidente dos EUA, Donald Trump, autorizou o envio de 300 soldados da Guarda Nacional para a cidade de Chicago, justificando a decisão pela necessidade de conter o que chamou de “criminalidade fora de controle”. A medida, no entanto, provocou forte reação de líderes estaduais e municipais, que classificaram a ação como um ataque à autonomia local e um “abuso de poder presidencial”.
A autorização ocorre poucas horas após o Departamento de Segurança Interna (DHS) relatar um confronto entre agentes de imigração e manifestantes na cidade, durante o qual uma mulher armada foi baleada. Segundo o DHS, ela e outros ativistas teriam colidido de propósito seus carros contra veículos das autoridades.
“Agentes foram forçados a reagir e dispararam tiros de defesa contra uma cidadã armada”, afirmou a subsecretária assistente do DHS, Tricia McLaughlin.
Reações e disputa judicial
O governador de Illinois, J.B. Pritzker, criticou duramente a medida e acusou Trump de “fabricar uma crise”. Ele afirmou à CNN que o envio de tropas federais “vai incitar ainda mais protestos e transformar a cidade em uma zona de guerra”.
“Eles querem o caos nas ruas para justificar a presença militar. Estão usando todos os instrumentos do Estado para minar a autoridade local”, disse Pritzker.
A decisão de Trump foi anunciada logo após uma juíza federal em Portland, Oregon, Karin Immergut, suspender temporariamente o envio de 200 soldados federais àquela cidade. Em sua decisão, a magistrada afirmou que o presidente “violou a Constituição” e “colocou em risco a soberania dos estados”.
“Não há insurreição em Portland, nem ameaça à segurança nacional. A única ameaça é à democracia — e essa ameaça vem do próprio presidente Trump”, declarou a governadora Tina Kotek em apoio à decisão judicial.
O governo já sinalizou que irá recorrer da decisão da juíza.
Chicago is under siege. Masked federal agents are roaming the city—grabbing people off the streets, arresting public officials, attacking peaceful protesters, and tear-gassing cops. I was back on NewsNation this morning asking: who’s going to protect the people of Chicago from… pic.twitter.com/3lwIRVJzXC
— Mike Nellis (@MikeNellis) October 5, 2025
Chicago se torna novo alvo
Chicago é a mais recente cidade governada por democratas a ser alvo da política de “lei e ordem” de Trump, que já enviou tropas para Washington, Los Angeles, Memphis e Portland.
A Casa Branca justificou a nova operação afirmando que o presidente “não fechará os olhos à anarquia que tomou conta das cidades americanas”.
“Em meio a tumultos violentos e desordem, o presidente Trump autorizou o envio de 300 soldados da Guarda Nacional para proteger agentes federais e instalações públicas”, afirmou a porta-voz Abigail Jackson.
O envio ainda não foi confirmado pelas autoridades locais, mas analistas afirmam que qualquer tentativa de mobilização poderá gerar novas ações judiciais.
Dados contradizem discurso
Embora Trump cite a “violência crescente” em Chicago, dados recentes do Council on Criminal Justice indicam que os homicídios na cidade caíram cerca de 33% entre janeiro e junho de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior.
Mesmo assim, a cidade continua entre as mais violentas dos Estados Unidos — 58 pessoas foram baleadas, oito delas fatalmente, durante o feriado do Dia do Trabalho no início de setembro.
Em uma reunião recente com oficiais de alta patente, Trump sugeriu que o envio das tropas a cidades americanas serviria como “campo de treinamento para combater o inimigo interno”.
“As cidades democratas são lugares inseguros. Vamos resolvê-las uma a uma”, afirmou.
A fala reforça as críticas de governadores e juristas que veem na política de Trump uma militarização da segurança pública e uma tentativa de intimidação política em ano eleitoral.
Here’s a U.S. Border Patrol agent assaulting a man on Kedzie Ave in Chicago.
Welcome to Trump’s America!
pic.twitter.com/8zwObD3D3Z— Lucas Sanders 💙🗳️🌊💪🌈🚺🟧 (@LucasSa56947288) October 4, 2025