A segunda morte de Eliza Samudio

Atualizado em 6 de março de 2013 às 9:38

As acusações à vítima são um novo assassinato.

O acusado
O acusado

 

Eu já estava comovido com a morte de Eliza, uma suburbana que sonhou como toda moça e terminou num pesadelo pavoroso.  Pode ter servido de comida para cachorro.

Agora estou irritado também. A reação das pessoas é uma espécie de segunda morte de Eliza. Ora, a indignação num caso destes tem que ser incondicional. Toda a severidade deve ir para os assassinos. Cada vez que se coloca uma ressalva, a responsabilidade dos carrascos diminui. É assim que são as coisas.

É um absurdo erguer ressalvas nesta tragédia. Este é um trabalho sórdido que só faz sentido, e mesmo assim temos que tapar os narizes, se é executado por advogados inescrupulosos, abomináveis, que farão de tudo para colocar a culpa em Eliza.

Ainda que Eliza fosse tudo isso que algumas pessoas estão dizendo numa atitude de juiz cruel, mesmo sem conhecê-la.  Ainda assim.  Atire a primeira pedra quem pode. Eu não posso. Alguém aí pode?

Duas mortes
Duas mortes

Esperta? Esperta é Galisteu, que virou rica em cima do cadáver de Ayrton Senna. Esperta é Cicarelli, que se promoveu quando o Fenômeno era o Fenômeno. Esperta é a jovem inglesa que dormiu com meio time do Chelsea e depois vendeu a história por uma fortuna para um tablóide. Esperta é Elin, a Maria Taco viking que deixa um casamento com um predador como Tiger Woods com centenas de milhões de dólares.

Eliza é uma coitada. Nasceu pobre, viveu pobre, morreu pobre. Aos 25.

Se não viveu em paz, que ao menos repouse em paz na morte, protegida da maledicência desrespeitosa, cruel e intolerante de quem finge que pode atirar pedras.