“Acariciou meus seios devagar, como quem degusta o momento com bom paladar”: um novo capítulo da saga erótica de ANÔNIMA

Atualizado em 23 de novembro de 2015 às 21:07
Por Manara
Por Manara

No último capítulo, fui à festa mais insana da minha vida, convidada por um cara que eu conhecera pela internet. Encontrei ao acaso uma amiga de longa data e nos divertimos juntas no banheiro – enquanto eu fazia sexo oral pela primeira vez na vida em uma mulher, ele nos esperava do lado de fora, provavelmente imaginando até o que não acontecia.

Resolvemos terminar a noite na casa dela. O sol já se anunciava quando chegamos.

– Já é quase dia, vocês não preferem uma cerveja?

Ela nos ofereceu uma cerveja de trigo artesanal deliciosa – seu bom gosto afrodisíaco sendo esfregado na minha cara nas primeiras horas do dia. Ele permanecia inquieto, ansioso por algo que, na sua cabeça – e na de vocês, caros leitores – estava prestes a acontecer. Parecia que nos pediria para tirarmos as roupas a qualquer momento.

– O que vocês estavam fazendo no banheiro?
(silêncio proposital)

– Podem continuar, se quiserem – disse, em tom de brincadeira.

Nós duas entendemos ao mesmo tempo: ele esperava ser o feliz espectador de uma transa lésbica. Não há mal algum em ter prazer ao assistir o prazer do outro – é, aliás, uma tara justíssima – mas me incomodou que este fosse o único objetivo. O nosso amigo pensava – pela ansiedade pouco natural e alguns comentários lesbofóbicos no decorrer da noite – que mulheres lésbicas não passavam de um fetiche. Que nós precisávamos – e procurávamos – um pau coadjuvante.

Nos entreolhamos e mantivemos o silêncio, a essa altura um tanto constrangedor, e nos despedimos depois da segunda cerveja. Não seríamos nós as protagonistas de sua fantasia.
Esperava que ele nos conduzisse de uma maneira mais natural, com menos pressão e menos falocentrismo. Ele não fora capaz, o que o eliminou da minha lista de possíveis futuros encontros.

O final de semana não terminara – e mesmo com uma enxaqueca terrível depois daquela noite, eu tinha um evento de trabalho enfadonho ao entardecer.

Usei um vestido sexy na medida – não se pode sensualizar o quanto se queira em um evento de trabalho – e uma maquiagem meio preguiçosa. Sorri amarelo para alguns colegas e avistei o meu sócio – lindo – rodeado de belas mulheres. Era um típico cafajeste – e como isso me atrai!

Nos cumprimentamos rapidamente e ele me convidou para me juntar a eles. Tratávamos de assuntos triviais enquanto eu bebericava o meu uísque e lhe sorria com os olhos. Decidi que precisava de um cigarro – de preferência longe dos olhares de reprovação de toda aquela gente certinha.

Saí à francesa e fui a uma área externa meio escondida. Não havia ninguém além dele: um homem moreno, os cabelos na altura do ombro. Nos olhamos e ele sorriu, simpática e gostosamente. Depois de dois cigarros eu já sabia algo sobre ele: Luís era psicólogo e também não tinha nenhuma vontade de estar ali. Fora convidado por um amigo que não queria enfrentar aquela tarde sozinho.

Prometemos nos adicionar no facebook. E em algumas conversas, percebi que tínhamos muito em comum: músicas, filmes, programas e uma vontade absurda de vida. Pela primeira vez em algum tempo, eu não estava interessada apenas no sexo dele: eu me interessara por ele. Queria saber o que ele ouvia, o que pensava sobre os filmes de Tarantino, o que fazia numa tarde preguiçosa de domingo. E, depois de tanto tempo interessada em corpos, eis que uma alma me seduziu – algo energético, quase intuitivo.

Combinamos ir a um show juntos na semana seguinte. Eu estava tomada pela curiosidade e pelo desejo de conhecê-lo para além de uma conversa breve ou uma tela de computador.

Conversamos um pouco, sentados a parte, até que eu ouvisse o primeiro acorde de uma música da minha banda predileta.

– Eu tenho que ir lá!

Dancei solta, feliz e ligeiramente ébria, cantando todas as letras como uma fã afiadíssima enquanto sentia seus olhos me perfurarem, sorridentes. Nosso primeiro beijo foi suado, agitado, inebriante.

– Você é linda dançando.

– Obrigada. Estou com fome. Encara um Mc Donald’s às 3 a.m?

– Você é das minhas! Mas eu tenho uma massa pronta em casa e não é de se jogar fora.

Aceitei prontamente. Sua casa tinha a sua cara. Centenas de discos de vinil em uma estante no canto da sala, um tapete cheio de almofadas e alguns belos quadros na parede. Escolhi um vinil de Chico Buarque. Nos sentamos no tapete e o seu sorriso me deixava cada vez mais à vontade.

Ele me olhou nos olhos e tirou uma mecha de cabelo insistente do meu rosto.

– Sua maquiagem tá meio borrada – disse, rindo ternamente e limpando o canto da minha boca.

Beijou-me com delicadeza por um tempo que me pareceu uma eternidade e afastou a alça da minha camiseta. Desceu pelo meu pescoço em direção ao ombro nu, com beijos que de tão carinhosos excitavam, enquanto percorria minhas costas por debaixo da blusa.

Não desviava seus olhos dos meus sequer por um momento. Tirou minha blusa e olhou-me maravilhado – não sei se naturalmente ou de propósito, como num elogio. Acariciou meus seios, devagar, como quem degusta o momento com bom paladar, e passou a beijá-los, ainda delicado, mas com um desejo crescente que seus movimentos e seus olhos denunciavam.

Deitei sobre as almofadas macias e passei a desfrutar de suas mãos descobrindo cada centímetro do meu corpo. Percorria minha barriga, meus quadris, tocava minha virilha com a ponta dos dedos, olhando-me ainda nos olhos com um meio sorriso.

Seu corpo era magro, sem músculos e com algumas tatuagens que, naquele momento, eu não poderia decifrar. Deixou-me nua sem que eu sequer me desse conta. Deitou-se sobre mim, respirando quente no meu pescoço, e passou a me provocar quase numa dança, sem me penetrar.

Eu juro que poderia explodir de tesão naquele momento. Ele sabia exatamente como me conduzir.

Não pedi nada. Esperei que ele fizesse exatamente o que queria fazer, o que sabia fazer – sabia como ninguém. Penetrou-me, primeiro devagar, com um gemido contido no meu ouvido, até evoluir para movimentos rápidos, ritmados, como se tivesse ensaiado. Gozamos juntos, conectados à mesma energia íntima.

Ele deitou-se ao meu lado, me fez um carinho no rosto, e disse, como quem se desculpa:
– A primeira vez é sempre estranha, né? Mas prometo que na próxima será melhor.
[continua]