Nem as netas de FHC votam no PSDB, e isso não é piada. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 12 de novembro de 2015 às 19:18
As netas de FHC  Joana e Helena com o pai Paulo Henrique
As netas de FHC Joana e Helena com o pai Paulo Henrique

 

A Piauí que está nas bancas tem um furo sensacional.

Nem as netas de FHC votam no PSDB.

Num perfil sobre Jean Wyllys, FHC revela que elas votaram nele, JW. Como sociólogo, ele afirma que JW, “um fenômeno”, defende as causas que comovem e mobilizam os jovens de hoje.

Isto tem um nome. Zeitgeist. Em alemão, espírito do tempo.

Jean Wyllys representa o Zeitgeist: defende as minorias, combate pelo meio ambiente contra a predação da plutocracia e daí por diante.

O que o avô FHC parece não ter se dado conta é que seu partido é o anti-Zeitgeist. É um partido que parece ser ainda mais velho que o próprio FHC com seus 84 anos.

Não há nenhum motivo para jovens se interessarem por um partido tão embolorado, tão sem graça, tão atrasado.

Que causa progressista os tucanos abraçaram nos últimos anos? Nenhuma. As causas conservadoras, em compensação, têm tido irrestrito apoio do PSDB.

Isto posto, você pondera o seguinte. Os jovens não querem nem saber dos tucanos. Eles olham para um lado e vêem Serra. Olham para o outro lado e vêem Aécio. Sobem numa escada para enxergar mais adiante e dão com Aécio ou FHC.

É um cenário absolutamente desolador para a juventude, e não só para ela, aliás.

Agora: neto é neto. Neta, mais ainda, dado o carinho das meninas. A neta pode não se empolgar pelo partido do avô, mas vota nele por amor, por devoção, por lealdade.

Isso quer dizer o seguinte: se nem as netas de FHC votam no PSDB é porque é um partido tecnicamente morto.

Como sociólogo, FHC deveria estudar este caso familiar. E tentar aprender.

Em vez de ir a programas irrelevantes como o Roda Viva para vender seu livro novo, deveria reunir os tucanos e dizer: “Amigos, nem minhas netas estão votando em nós. Que fazemos?”

Não adianta, como é costume entre os líderes tucanos, ir bater nas portas dos barões da mídia.

Foi isso, essencialmente, que o PSDB fez nestes últimos anos todos. Em vez de procurar o eleitor, o povo, foi atrás dos donos da mídia.

“Esse rapaz não faz nada sem me consultar”, Roberto Civita dizia de Aécio a seus interlocutores na Abril.

Nenhum conselho de um Civita, de um Marinho, de um Frias vai levar o PSDB a se reinventar e passar a fazer sentido para jovens como as netas de FHC.

O que elas estão dizendo, ao recusar os tucanos, é que o partido está em adiantado estado de putrefação.

Mas é aquela história.

FHC vê as netas votarem em Jean Wyllys e, em vez de aprender com isso, prefere dar uma entrevista sobre o assunto para a Piauí, viciado em mídia que é.

O PSDB não é mais um partido. É uma múmia.

Ponto, pelo menos, para a nova geração de Cardosos representada pelas netas de FHC.