Minha carta ao autor da biografia sobre Roberto Civita. Por Paulo Nogueira

Atualizado em 30 de setembro de 2016 às 11:09

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Caro Maranhão:

Acabei de ler seu livro; é muito bom.

Para mim, foi como um quebra cabeças que enfim se fechou; entrei na Abril em 80, e desta época até 2006, quando fui embora, posso dizer que a conheci profundamente.

Mas faltava um pedaço: os anos 60 e 70. Conhecia parte da construção; mas não seus alicerces, dos fascículos às femininas.

Meus parabéns a você só não são entusiasmados por uma injustiça que você comete comigo e com o DCM.

Jamais apoiamos o PT, de quem fomos e somos absolutamente independentes. Num determinado momento, com a radicalização da grande mídia, vimos que era imperioso deixar claro nosso lado: a esquerda, o progressismo, ou o que você preferir.

Vim de Londres com a ideia de fazer um site com o tom da BBC. Mas isso é simplesmente impossível no Brasil de hoje, com o jornalismo de guerra das grandes corporações.

Nos batemos por uma sociedade igualitária, ‘escandinava’, sem tanta injustiça social. Somos a favor de um país justo — e não de nenhum partido. Dizer que somos ‘petistas’ é uma tentativa de desqualificar o DCM e o PT ao mesmo tempo.

Hoje, e não é hoje, ou você está de um lado ou de outro: jamais estaremos ao lado dos Marinhos, ou dos Frias, ou dos Civitas — símbolos de uma plutocracia que nos humilha e nos rebaixa como país.

Isto posto, renovo minhas congratulações, que só não são totais pelos reparos acima.

Grande abraço

Paulo

PS.: Quem me prometeu a presidência da Abril foi o Maurizio Mauro. Penso que em algum momento o Roberto, como já acontecera na Veja, deu um ‘overrule’. Ele pode esclarecer isso melhor que eu. Minha versão está aqui, e consta do livro que estou escrevendo sobre jornalismo.