De acordo com depoimentos dados à Polícia Civil do Distrito Federal nos dias 8 e 9 de janeiro, e entregues à CPI do Congresso que investiga os atos antidemocráticos, diversos simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disseram que o golpe militar evitaria o comunismo, a escravidão sexual e daria salvação espiritual. A informação é da Folha.
Para Cibele da Piedade Mateos, detida em Brasília, o objetivo dos ataques nas sedes dos Três Poderes era “não deixar o Lula governar. Era apenas ocupar os prédios, sentar e esperar até ‘vir uma intervenção militar’ para não deixar o Lula governar”, disse Cibele, segundo o relato do delegado Jorge Teixeira de Lima.
A bolsonarista Rosely Monteiro, do pequeno município de Colíder, no Mato Grosso, disse que participou dos atos terroristas para “impedir as mulheres e crianças de se tornarem escravas sexuais”.
Diz “que veio para Brasília para protestar contra o novo governo, para tentar salvar o Brasil de um governo que quer acabar com a família, pela proteção das gerações futuras, pela manutenção das igrejas, para proteger seus filhos e netos, para impedir as mulheres e crianças de se tornarem escravas sexuais”, disse Rosely, conforme relato feito pela Polícia Civil.
Segundo o bolsonarista João de Oliveira Antunes Neto, que deixou São Raimundo Nonato (PI) para procurar emprego em Brasília e acabou aconselhado a participar dos atos golpistas, havia uma concepção de que a derrubada do governo Lula seria uma vitória espiritual.
“Informou que acreditava que o Governo Lula iria cair; que ainda acredita que o Governo Lula irá cair; que acredita que se fizer algo contra Lula irá para o céu; que acredita que vai ascender quando Jesus voltar, pois irá combater o Governo Lula; que acredita que Lula iria fechar as igrejas, pois viu Lula falando tais coisas”, relatou Neto à Polícia Civil.