O ódio a Jair Bolsonaro uniu, finalmente, um país dividido

Atualizado em 28 de setembro de 2022 às 16:43
Xuxa, Sheherazade e Joaquim Barbosa fazem o “L”

Muito mais que o amor a qualquer coisa, o que derrotará Bolsonaro é o ódio a ele. O Brasil se uniu contra uma figura que incorpora que o ser humano tem de pior. 

De Joaquim Barbosa a Angélica, de Xuxa a Celso de Mello — o que está mobilizando e provocando engajamento inédito é, para além do apoio a Lula, a repulsa, o asco, a essa figura e sua família. 

Bolsonaro é o bode da sala para a elite brasileira, que agora precisa de Lula para salvá-la do monstro criado por ela mesma. Lula é a Geni do establishment.

Em 1994, o jornalista americano Hunter Thompson escreveu na Rolling Stone o obituário de Richard Nixon. “Ele era um monstro, um mentiroso e um covarde e deveria ter sido jogado ao mar… mas era, afinal de contas, o presidente”, escreveu. 

Esse é o resumo que serve para nossa situção: “Ele tinha a habilidade única de fazer seus inimigos parecerem honrados, e desenvolvemos um forte senso de fraternidade. Alguns dos meus melhores amigos odiaram Nixon a vida toda. Minha mãe odeia Nixon, meu filho odeia Nixon, eu odeio Nixon, e esse ódio nos uniu.”

“Se as pessoas certas estivessem encarregadas do funeral de Nixon, seu caixão teria sido lançado em um daqueles canais de esgoto a céu aberto que deságuam no oceano ao sul de Los Angeles. Ele era um porco e um tolo tagarela. (…) Seu corpo deveria ter sido queimado em uma lixeira.”

Richard Nixon, diz Hunter Thompson, “era um homem mau – mau de uma forma que apenas aqueles que acreditam na realidade física do Diabo podem entender. Ele era totalmente sem ética ou moral ou qualquer senso de decência”.

“Algumas pessoas dirão que palavras como escória e podre são erradas para o jornalismo objetivo – o que é verdade, mas eles não entendem. Foram os pontos cegos embutidos nas regras e dogmas que permitiram a Nixon entrar na Casa Branca em primeiro lugar. Ele envenenou nossa água para sempre”, afirma.

Bolsonaro envenenou nossa água para sempre. Nunca mais seremos os mesmos. Por mostrar no espelho o que odíavamos ver, ele precisa ser destruído. E agora somos milhões de irmãos e irmãs, unidos pelo nojo.