
O assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Celso Amorim, afirmou que se o primeiro-ministro de Israel, Benjamim Netanyahu, espera um pedido de desculpas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por ter comparado os ataques israelenses na Faixa de Gaza com o Holocausto, “vai ficar pedindo”.
“Vai ficar pedindo. Se é que ele está insistindo mesmo. Não sei se ele [Binyamin Netanyahu] faz isso por demagogia interna ou por qualquer outra razão, mas certamente se ele está esperando isso não vai receber”, disse o ex-chanceler em entrevista à Folha de S.Paulo.
“Não posso falar pelo presidente, mas eu não vejo nada, não vejo razão para o presidente se desculpar”, acrescentou.
O diplomata afirmou que está um pouco pessimista quanto à possibilidade de diálogo com o governo de Israel. “Na situação atual não há como negociar. Tem que parar a matança. E aí sim, pode negociar”, destacou.

“Nunca estivemos afastados do povo judeu, nem sequer do Estado de Israel, cuja existência nós defendemos. O problema é que esse governo, além do que ele está fazendo em Gaza, comportou-se de uma maneira diplomaticamente inadmissível”, afirmou.
Para Amorim, a ofensiva em Gaza e o Holocausto possuem a mesma “essência”. “Não vejo diferença. Claro que você vai analisar cada caso. Todo mundo não disse que Ruanda é um genocídio? Ouvi isso do próprio secretário de Estado americano. Uma coisa que claramente se dirige contra todo um povo, toda uma população, não vejo outra maneira de definir”, disse.
“Muito difícil negar que é genocídio. Atiraram bomba para matarem cem, porque talvez tenha uma pessoa do Hamas. Não sou eu que estou dizendo isso. Há uma medida cautelar da Corte Internacional de Justiça”, declarou Amorim.