
Uma onda de apoios vindos da área da Saúde – lideranças do Hospital das Clínicas, Escola Paulista de Medicina (Unifesp), Hospital Santa Marcelina, em Itaquera, funcionalismo municipal e defensores históricos do SUS – reforça, neste início de ano, o favoritismo de Guilherme Boulos na corrida pela prefeitura de São Paulo em 2024.
O psolista, segundo colocado em 2020, na eleição que reconduziu Bruno Covas ao cargo de prefeito, foi o deputado federal mais votado do Estado, com 1.001.453 de votos.
Seu favoritismo a um ano e meio do pleito se sustenta em pelo menos 3 premissas: só não venceu Bruno Covas – morto meses depois de assumir o 2o mandato – porque os eleitores se comoveram com a doença do então prefeito; não tem um adversário a altura e ainda conta com o desânimo evidente dos correligionários do prefeito Ricardo Nunes que comanda uma administração errática.
“Ele tem forte projeção no movimento popular e a Saúde, tradicionalmente engajada, começa a sinalizar que pode apoiá-lo”, disse ao DCM um experiente líder político paulistano. “Iniciou com o pai e desde então ele vem construindo uma boa base de relacionamentos neste setor”.
O deputado do PSOL é filho de Marcos Boulos, professor titular do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e superintendente do setor de Controle de Endemias do HC.
Pertence à icônica geração que salvou o Brasil 2 vezes. Na epidemia da meninguite, na década de 70, e agora na guerra contra a Covid-19.
Nesta semana, Boulos recebeu apoio de Eduardo Suplicy e tem boa relação com o ministro Fernando Haddad, ex-prefeito da capital, com Gilmar Tatto, secretário nacional da Comunicação do PT e seu adversário na corrida eleitoral de 2020 e com o próprio Lula.
Segundo outra fonte com quem o DCM conversou, os eleitores de São Paulo convivem com a sensação de que merecia ter sido eleito, já que Bruno Covas estava doente e não governou nem por 5 meses.
Os apoios, ainda que consistentes, não são oficiais.
É uma onda que cresce e dá sinais de ser tão ou mais robusta que o movimento em torno de Lula, um ano e meio antes do petista enfrentar, e vencer, Jair Bolsonaro.
Entre os adversários de Boulos estão, além do prefeito Ricardo Nunes, o deputado federal bolsonarista Ricardo Salles, ex-ministro do Meio Ambiente e investigado por crime transnacional por venda ilegal de madeira da Amazônia, e pelo vice-governador do Estado, Felicio Ramuth, aposta de Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD e atual secretário de Governo de Tarcísio de Freitas.
Por que a eleição em São Paulo é importante
Nos últimos 20 anos, 4 postulantes à presidência da República concorreram ao cargo de prefeito de São Paulo: José Serra em 2004, Geraldo Alckmin, em 2008, Fernando Haddad em 2012 e 2016 e o próprio Boulos em 2020.
A capital, além de irradiar tendência, integra o top 5 dos maiores orçamentos públicos do país, com R$ 95 bilhões ano, atrás apenas da União e dos governos de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.