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“A CBF é uma vergonha”: por que Emerson Sheik mitou

 

Talvez a motivação tenha suas variantes, talvez ele devesse respirar — mas Emerson Sheik, do Botafogo, fez o que todo torcedor tem feito e o que seus colegas não têm coragem de fazer.

Sheik havia sido expulso depois de receber o segundo cartão amarelo. Fora do gramado, ficou em frente a uma câmera de televisão e mandou bala: “CBF, você é uma vergonha! Vergonha! Vergonha! Vergonha!”

Um desabafo rotundo, na cara do espectador, na cara da entidade que controla o esporte.

Não é a primeira vez, e não será a última, em que jogadores causam confusão. No caso de Sheik, transcendeu os problemas com o juiz e foi com endereço certo. Como o goleiro Aranha, do Santos, soube se utilizar da TV para registrar seu protesto.

Mitou.

Carlos Eugênio Lopes, o diretor jurídico da CBF, já avisou que ele será “julgado por injúria”. Aproveitou para desqualificá-lo: “Vindo de quem vem, partindo de quem partiu, isso não deve ser nem levado em consideração. Acho que a vida dele não é exemplar”.

Ora, o que a vida dele tem com isso? A vida de quem é exemplar? Do Marín? Dos membros do STJD?

O comentarista Caio Ribeiro saiu em defesa de seus patrocinadores. Indagado pelo narrador Cléber Machado se concordava com a atitude de Sheik, saiu-se com o seguinte: “Não, principalmente no calor da partida. Precisa ter respeito à hierarquia”.

É ingenuidade esperar de Caio qualquer ideia original ou crítica ao estado das coisas porque, afinal, isso é criticar sua emissora indiretamente. Ele pode ser um comentarista anódino e um coxinha de quatro costados, mas não é inteiramente bobo.

Agora, defender que o atacante precisava ter “respeito à hierarquia” significa o quê? Hierarquia onde? Devia encaminhar um requerimento em três vias, assinado pelo departamento pessoal do Botafogo, e aguardar uma audiência?

Recentemente, após uma vitória sobre o Ceará por 4 a 3, Sheik já havia pedido “vergonha na cara” para a CBF. É encrenqueiro. Discute constantemente com os árbitros. Será punido. Não que faça diferença. Já está no fim da carreira, tem dinheiro e vive como quer.

Disse o que precisava ser dito. E, ao contrário do que pensam os Caios, ninguém precisa de autorização dos donos da bola para isso.

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Kiko Nogueira

Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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