A delação do empresário ligado ao PCC assassinado em Guarulhos (SP)

Atualizado em 11 de novembro de 2024 às 7:33
O empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, morto a tiros no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, na sexta-feira, 8 de novembro de 2024 – Foto: Reprodução

Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, empresário jurado de morte pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), foi assassinado na sexta-feira (8) no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, ao retornar de Maceió. Conhecido por sua colaboração com o Ministério Público em investigações contra o PCC e corrupção policial, Vinicius tornou-se alvo de ameaças constantes após sua delação premiada. Trechos exclusivos da delação foram divulgados pelo Fantástico, da Globo, revelando detalhes das atividades do empresário e suas ligações com o crime organizado.

O empresário iniciou sua relação com o PCC através do mercado imobiliário, intermediando transações para figuras ligadas à facção, como Anselmo Becheli Santa Fausta, o “Cara Preta”, assassinado em 2021. Após ser acusado de envolvimento nesse crime, Vinicius foi preso, mas negou a autoria. Em audiência, relatou ter sido sequestrado e ameaçado de morte pelo PCC. “Nesse momento, ele levantou, pôs a arma na minha cabeça e falou: ‘Se você errar a senha, eu sei que você quer apagar o celular, vou te matar aqui mesmo. Você não vai pegar mais nesse celular, só vai se despedir de sua família’”, contou.

Anselmo Becheli Santa Fausta, o “Cara Preta” – Foto: Reprodução

Acordo de delação premiada

Ao firmar o acordo de delação, Vinicius revelou informações sobre o esquema de lavagem de dinheiro da facção, admitindo ter facilitado a compra de imóveis para o PCC, utilizando parentes como laranjas. A defesa do empresário passou a ser conduzida por Aristides Zacarelli, após seu primeiro advogado discordar da delação. Apesar de aceitar o acordo, Vinicius recusou o programa de proteção a testemunhas, exigindo escolta policial, uma solicitação que não foi atendida.

Durante as negociações com o Ministério Público, Vinicius relatou ameaças e atentados. Em uma tentativa de homicídio, na véspera de Natal, seu apartamento foi alvo de tiros. “Eu sofro um atentado, onde estou tentando repelir os crimes e chegar a algum lugar”, disse.

Gritzbach também alegou que, em sua primeira prisão, investigadores civis roubaram R$ 20 mil e parte de sua coleção de relógios. A denúncia foi registrada na Corregedoria da Polícia Civil dias antes do atentado no aeroporto.

O assassinato

No dia do assassinato, Vinicius estava acompanhado de sua namorada e trazia joias avaliadas em R$ 1 milhão, que seriam parte de um pagamento de dívida.

O empresário foi atingido em várias partes do corpo, como cabeça, tórax e braços. Conforme a perícia, uma dupla, com dois fuzis, realizou pelo menos 27 disparos. Também foi revelado que o PCC oferecia R$ 3 milhões pela cabeça de Antônio Vinícius.

O corpo de Gritzbach, que voltava de viagem quando foi atacado a tiros no Aeroporto de Guarulhos – Foto: Reprodução

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