PCC ofereceu R$ 3 milhões pela cabeça do empresário morto no aeroporto, diz gravação

Atualizado em 10 de novembro de 2024 às 7:47
O empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, morto a tiros no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, na sexta-feira, 8 de novembro de 2024 – Foto: Reprodução

O empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, de 38 anos, gravou uma conversa que expõe uma negociação para sua morte. O áudio, entregue ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP), revela que a organização criminosa PCC ofereceu R$ 3 milhões para assassiná-lo. A gravação foi feita no escritório do empresário, onde ele estava acompanhado de um policial civil, que era seu amigo na época.

A conversa

Durante a conversa, o policial recebeu uma ligação de alguém ligado a acionistas de uma empresa de ônibus suspeita de envolvimento com o PCC. O policial deixou a chamada em viva-voz, e Vinícius, sem o conhecimento dos interlocutores, gravou o diálogo. No material, os envolvidos mencionam o valor de “três”, que Vinícius interpretou como sendo R$ 3 milhões pelo assassinato.

O diálogo continuou com o autor da ligação perguntando se a morte de Vinícius seria fácil de executar. Ele ainda questionou se o “passarinho” (Vinícius) estaria “voando” (saindo de casa), ao que o policial respondeu afirmativamente, indicando que ele estava com seguranças. A ligação terminou pouco depois, mas a tensão no ambiente era evidente.

Após a ligação, o policial comentou com Vinícius: “Você escutou, você é meu irmão”. Ele questionou o empresário sobre a razão por trás das ameaças e sugeriu “pegar esse cara e dar umas pauladas”. O policial ainda orientou Vinícius a preparar uma defesa sólida para o processo criminal que enfrentava.

Envolvimento com assassinatos

Vinícius, que já havia colaborado com o MP-SP em um acordo de delação premiada, estava envolvido em processos relacionados ao assassinato de membros do PCC, incluindo Anselmo Becheli Santa Fausta, o “Cara Preta”. Segundo o DHPP, o empresário ordenou o crime após desviar R$ 40 milhões de um investimento em criptomoedas feito por Cara Preta.

Além de entregar o áudio ao Gaeco, Lopes revelou detalhes sobre policiais civis do DHPP, Deic e do 24º Distrito Policial, implicando-os em esquemas de corrupção e recebimento de propinas.

O caso

Gritzbach foi assassinado na sexta-feira (8), no Aeroporto Internacional de Guarulhos, São Paulo, em plena luz do dia. Ele era delator de uma investigação sobre lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC). Vinícius foi atingido em várias partes do corpo, como cabeça, tórax e braços. Conforme a perícia, uma dupla, com dois fuzis, realizou pelo menos 27 disparos.

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