Religião

A direita é a mesma em todo lugar: livro anônimo na Itália chama o papa Francisco de “ditador”

 

Publicado no Unisinos

No Vaticano, é o livro do momento entre os inimigos de Francisco e não só. Intitula-se Il papa dittatore [O papa ditador] e é um eBook à venda na Amazon. O autor se esconde sob o pseudônimo de Marcantonio Colonna e se apresenta como um historiador “formado em Oxford”, que reside em Roma desde o início do pontificado de Francisco. Provavelmente é um jornalista inglês.

Esse é o resumo da obra, que tem como subtítulo “A história secreta do papado mais tirânico e sem escrúpulos dos tempos modernos”: Francisco seria um “político manipulador e um hábil promotor de si mesmo” desde os tempos da Argentina, onde teria gostado dos métodos do autocrata Perón.

Resultado: “Por trás da máscara do afável homem do povo, o Papa Francisco consolidou a sua posição de ditador que governa com o medo e fez alianças com os elementos mais corruptos do Vaticano para evitar e reverter as reformas que se esperavam dele”. Algo realmente superficial.

A notícia do livro foi relançada com entusiasmo pelos mais conhecidos sites tradicionalistas italianos e também por blogueiros vaticanos que nunca compartilharam a revolução franciscana.

Os conteúdos, “fruto de estreitos contatos” com alguns cardeais, referem-se a várias questões que animaram a propaganda da direita clerical e “farisaica”, para usar um termo caro ao pontífice: a rebelião curial contra a Amoris laetitia sobre a abertura aos divorciados; os rebeldes na Ordem de Malta, na Pontifícia Academia para a Vidae nos Franciscanos da Imaculada.

Quanto ao foco do texto, porém, chama a atenção a coincidência com a clamorosa e contraditória entrevista concedida ao Corriere della Sera pelo suposto número um do fronte antibergogligano: o cardeal alemão Gerhard Müller, removido em julho da liderança da Congregação para a Doutrina da Fé (a ex-Inquisição). Müller nega a contraposição, mas fala de “possível” cisma e de “círculo mágico” que mal aconselha Francisco.

E, no livro, como exemplo do clima de “medo” e de “suspeita recíproca” dominante na Cúria, citam-se os três colaboradores de Müller, substituídos com base em “conversas privadas” que teriam beneficiado aqueles que as denunciaram ao “círculo mágico”.

Diario do Centro do Mundo

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