A grandeza do italiano mordido por Suárez

Atualizado em 27 de junho de 2014 às 21:17
O bom humor do zagueiro italiano estampado nessa foto com uma atendente do hotel em que a seleção italiana ficou hospedada durante a Copa do Mundo.
O bom humor do zagueiro italiano estampado nessa foto com uma atendente do hotel em que a seleção italiana ficou hospedada durante a Copa do Mundo.

Ladies & Gentlemen:

Peço um minuto de sua atenção para que se juntem a mim, numa soberba salva de palmas (nota da tradutora: standing ovation), ao jogador italiano alcançado pelos dentes de Luiz Suárez, Chiellini.

Pronto.

Num ambiente polarizado entre o ódio irrestrito e a idolatria fanática por Suárez, Chiellini trouxe sabedoria, bom senso e generosidade.

Em seu site pessoal, ele não apenas registrou sua oposição à pena imposta pela Fifa, por julgá-la excessiva, como fez questão de dizer que seus pensamentos estavam com Suárez e família, pelos momentos difíceis que estão passando.

Ladies & Gentlemen: Chiellini se comportou como ancestrais seus como o imperador filósofo Marco Aurélio e o poeta estoico Lucrécio.

O gesto de Chiellini faz pensar. Como punir uma mordida? Qual a gravidade relativa da infração?

Uma entrada violenta pode inutilizar um jogador. Uma cotovelada pode deixar marcas eternas. O americano que na Copa de 94 levou uma cotovelada de Leonardo disse que até hoje sente dores de cabeça.

Uma mordida é bizarra, acima de tudo. Quero dizer, uma mordida à Suárez, e não à Tyson, que arrancou uma orelha do adversário.

Chiellini não precisou nem ser atendido. Os outros dois jogadores mordidos por Suárez no passado também.

A verdade é que os homens que julgam os jogadores não sabem como lidar com uma mordida, sobretudo pela raridade desse tipo de ocorrência.

Falta a esses homens, acima de tudo, a humanidade compassiva e grandiosa de Chiellini, o defensor italiano que pareceu, por momentos, Marco Aurélio.

Sincerely.

Scott

Tradução: Erika Kazumi Nakamura