A homofobia como arma política. Por Moisés Mendes

Atualizado em 14 de outubro de 2022 às 8:36
Eduardo Leite (PSDB) e Onyx Lorenzoni (PSL), candidatos ao governo do Rio Grande do Sul. Foto: Reprodução

Por Moisés Mendes

O Rio Grande do Sul teve alguns dos mais radicais e cruéis agentes da ditadura, como o delegado Pedro Seelig e sua equipe de sequestradores e torturadores e o general Antonio Bandeira, comandante do III Exército, também acusado de comandar e praticar torturas.

Mas nunca houve no Rio Grande do Sul nenhuma figura pública que tenha explorado a homofobia como arma, como fez agora Onyx Lorenzoni.

Nenhum político, em tempo algum, tentou desqualificar o adversário, publicamente, explorando sua condição de gay declarado.

Onyx disse na propaganda de rádio dessa quinta-feira:

“Estou muito feliz com o resultado obtido no primeiro turno. E tenho certeza que os gaúchos e as gaúchas entenderam que vão ter, se for da vontade deles, do povo gaúcho, um governador e uma primeira-dama de verdade, que são pessoas comuns e que têm uma missão de servir e transformar a vida dos gaúchos para melhor”.

Eduardo Leite, que namora o médico Thalis Bolzan. rebateu o comentário no Twitter:

“Nesses tempos tão difíceis, em que tentam a todo custo nos separar uns dos outros, é motivador ver a sociedade e a opinião pública majoritariamente unidas para condenar demonstrações de homofobia. Não ao preconceito! O amor, o respeito e a tolerância falam mais alto”.

Onyx tentou jogar contra Leite o eleitor de um Estado cada vez mais reacionário.

O que vai acontecer? Nada. Continuará o debate de quinta série entre contingentes das esquerdas que se consideram espertos e apostam nas vantagens da neutralidade no segundo turno.

É a esquerda adolescente, que considera os dois “a mesma coisa”. Não são. Um é um tucano perdido, que chegou a cortejar Bolsonaro em 2018, cometeu erros táticos terríveis e tentou golpear João Doria.

O outro é antiPT histórico e representante da extrema direita mais próxima de Bolsonaro. Mas não há comparação possível que possa transformá-los em iguais.

Um é gay e o outro instiga os eleitores contra o gay. E a questão não é eleger Leite, mas impedir que Onyx se eleja, com tudo o que significaria para o Estado sua chegada ao poder.

Mas parte das esquerdas entende que nada muda com um ou outro. Na verdade, parece que essa esquerda vingativa quer mesmo se submeter, por masoquismo, à experiência de um governo de extrema direita que o Estado não teve, com tanta fúria, nem na ditadura.

Publicado originalmente em Blog do Moisés Mendes

Participe de nosso grupo no WhatsApp, clicando neste link
Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link