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A homofobia como arma política. Por Moisés Mendes

Eduardo Leite (PSDB) e Onyx Lorenzoni (PSL), candidatos ao governo do Rio Grande do Sul. Foto: Reprodução

Por Moisés Mendes

O Rio Grande do Sul teve alguns dos mais radicais e cruéis agentes da ditadura, como o delegado Pedro Seelig e sua equipe de sequestradores e torturadores e o general Antonio Bandeira, comandante do III Exército, também acusado de comandar e praticar torturas.

Mas nunca houve no Rio Grande do Sul nenhuma figura pública que tenha explorado a homofobia como arma, como fez agora Onyx Lorenzoni.

Nenhum político, em tempo algum, tentou desqualificar o adversário, publicamente, explorando sua condição de gay declarado.

Onyx disse na propaganda de rádio dessa quinta-feira:

“Estou muito feliz com o resultado obtido no primeiro turno. E tenho certeza que os gaúchos e as gaúchas entenderam que vão ter, se for da vontade deles, do povo gaúcho, um governador e uma primeira-dama de verdade, que são pessoas comuns e que têm uma missão de servir e transformar a vida dos gaúchos para melhor”.

Eduardo Leite, que namora o médico Thalis Bolzan. rebateu o comentário no Twitter:

“Nesses tempos tão difíceis, em que tentam a todo custo nos separar uns dos outros, é motivador ver a sociedade e a opinião pública majoritariamente unidas para condenar demonstrações de homofobia. Não ao preconceito! O amor, o respeito e a tolerância falam mais alto”.

Onyx tentou jogar contra Leite o eleitor de um Estado cada vez mais reacionário.

O que vai acontecer? Nada. Continuará o debate de quinta série entre contingentes das esquerdas que se consideram espertos e apostam nas vantagens da neutralidade no segundo turno.

É a esquerda adolescente, que considera os dois “a mesma coisa”. Não são. Um é um tucano perdido, que chegou a cortejar Bolsonaro em 2018, cometeu erros táticos terríveis e tentou golpear João Doria.

O outro é antiPT histórico e representante da extrema direita mais próxima de Bolsonaro. Mas não há comparação possível que possa transformá-los em iguais.

Um é gay e o outro instiga os eleitores contra o gay. E a questão não é eleger Leite, mas impedir que Onyx se eleja, com tudo o que significaria para o Estado sua chegada ao poder.

Mas parte das esquerdas entende que nada muda com um ou outro. Na verdade, parece que essa esquerda vingativa quer mesmo se submeter, por masoquismo, à experiência de um governo de extrema direita que o Estado não teve, com tanta fúria, nem na ditadura.

Publicado originalmente em Blog do Moisés Mendes

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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/

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