A instrumentalização do antissemitismo. Por Edward Magro

Atualizado em 18 de fevereiro de 2024 às 23:01

POR EDWARD MAGRO

Se alguém disser que o Estado de Israel é um estado terrorista que está promovendo, há mais de 50 anos, o genocídio do povo Palestino, por mais evidente que seja, por mais documentado que esteja, corre o risco de ser chamado de antissemita.

Se alguém disser que Netanyahu é um nazissionista que pode ser declarado genocida, em pouco tempo, pela Corte de Haia, e por maior que seja a quantidade de sangue Palestino que ele carrega em suas mãos, por mais que isso tenha sido revelado por organismos internacionais, corre o risco de ser chamado de antissemita.

Se alguém disser que Yoav Gallant, ministro da defesa (piada pronta) de Israel, é um nazissionista, xenófobo, racista, que defende que as cidades Palestinas sejam regidas por duras leis de segregação racial – apartheid -, por mais que isso tudo tenha sido falado e escrito por ele, de moto próprio, ainda assim corre o risco de ser chamado de antissemita.

Se alguém disser que o ministério de relações exteriores de Israel é uma máquina frenética de produção maciça de fakenews, com todo o corpo diplomático ao redor do mundo disseminando exaustivamente material falso – como, por exemplo, a história das crianças decapitadas -, e por mais que esteja documentado em centenas de postagens públicas diárias nas mídias sociais, corre o risco de ser chamado de antissemita.

Se alguém disser que o embaixador israelense no Brasil é um extremista de direita, bolsonarista a ponto de ser convidado pelo advogado de Bolsonaro a participar da micareta do dia 25, corre o risco de ser chamado de antissemita.

Se alguém disser que Israel manteve 37 brasileiros como reféns na faixa de Gaza para chantagear o governo brasileiro, corre o risco de ser chamado de antissemita.

É preciso pôr um basta nessa recorrente manipulação que o sionismo faz, sempre que seus interesses sejam levemente tocados.

Deixo claro: interesses do capital transnacional, razão de ser do sionismo atual; nada tem a ver com interesses de Israel e menos ainda com interesses do povo Judeu.

O termo é muito bem definido: “antissemitismo é o ódio e preconceito contra o povo Judeu e sua cultura.”
Pronto! É isso! Mais limpo não canta o galo!

É crucial reconhecer que o antissemitismo viceja e precisa ser combatido, no entanto, sua instrumentalização para silenciar vozes dissidentes e deslegitimar críticas legítimas às políticas de Israel precisa ser combatido e enfrentado com igual vigor.

Isto posto, a fala do presidente Lula foi correta, limpa, cristalina, sem nenhuma conotação antissemita; ao contrário, em defesa do povo Judeu e de sua cultura, o presidente Lula deixou claro que Netanyahu e sua horda de carniceiros usam da história do holocausto para instrumentalizar o extermínio do povo Palestino.

Sua fala foi correta, incisiva e tem tanta relevância internacional, quer pelo peso diplomático do Brasil quer pela liderança de Lula, que o sionismo, no mundo todo, ficou em polvorosa.

Todo o establishment do governo de Israel partiu para a ofensiva; Bibi deu coletiva, Gallant espumou o tradicional ódio, o ministério das relações exteriores produziu dezenas de fakenews e a diplomacia israelense fez o que fazer de melhor: espalhou ódio mundo afora; em suma, o sionismo se portou como o esperado.

Nessa situação é bom lembrar, em paráfrase, o que dizia o sábio Brizola: quando você estiver em dúvida de qual é o lado certo da história, olhe pro sionismo, veja sua posição, e posicione-se do lado contrário.
Golaço de Lula. Golaço da diplomacia brasileira.

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