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A luta de Evo para derrotar o golpe na Bolívia. Por Emir Sader

Evo e Luis Arce, o candidato que lidera as pesquisas e pode vencer no primeiro turno
As eleições do dia 18 de outubro na Bolivia representam a possibilidade do MAS reverter o golpe que sofreu, interrompendo os três mandatos do governo mais importante da história do país. O golpe foi forjado na base do questionamento, sem provas, de que teria havido fraude no primeiro turno da eleição presidencial, com vitória do Evo.
A direita promoveu mobilizações, já com participação de polícias das províncias, questionando o resultado das eleições, temendo a derrota no segundo turno. Que culminou com a mobilização das próprias FFAA, que levou à renuncia do Evo e do seu vice, Alvaro Garcia Linera, para evitar um banho de sangue, dado que o movimento popular se mobilizou e havia convocado uma greve geral.
Instalou-se um governo fajuto, com uma parlamentar que aceitou se prestar ao papel de cobertura supostamente institucional, para tratar de consolidar o golpe e promover o programa da direita, derrotado sucessivamente em três eleições democráticas. Mas não contavam com a resistência do movimento de massas, na defesa da democracia e logo tiveram que prometer que convocariam novas eleições.
Foram adiando três vezes a data, alegando dificuldades com a pandemia, até que tiveram que fixá-la para o dia 18 de outubro. Evo, para contribuir à redemocratização do pais, abriu mão da sua candidatura, antes de que ele fosse impedido de concorrer pelos promotores do golpe, com medo da força da sua candidatura.
O MAS fez uma consulta interna e, com o apoio do Evo, foi lançada a candidatura de Luis Arce, jovem ex-ministro da economia do governo. A oposição inicialmente se dividiu em várias candidaturas, mas, com medo da vitória do Arce no primeiro turno – para o que precisa ter 40% dos votos e uma diferença de 10 pontos para o segundo -, fora renunciando, para deixar praticamente ao ex-presidente Carlos Mesa.
As pesquisas dão uma vantagem para Arce com uma diferença entre 6 e 8 pontos para Mesa. Caso consiga alguns pontos a mais – possível, porque a massa indígena não costuma ser ouvida pelas pesquisas e é amplamente favorável a Arce -, este triunfaria no primeiro turno. Se não, haveria segundo turno, com a direita toda unida em torno de Mesa, numa disputa mais equilibrada.
Evo havia sido eleito, pela primeira vez na Bolívia, no primeiro turno, no fim de 2005. Líder indígena e cocaleiro, Evo promoveu uma Assembleia Constituinte, que aprovou uma nova lei magna que reconheceu institucionalmente os direitos dos povos indígenas e estabeleceu, ao lado da bandeira tradicional do pais, a whipala, a bandeira dos povos indígenas.
A Bolívia foi o país que mais cresceu em todo continente, distribuindo renda, incorporando a massa da sua população, até ali sempre discriminada e marginalizada. O governo do Evo foi o mais estável, num pais acostumado a sucessivos golpes. Um governo reeleito duas vezes, até que o golpe interrompeu a continuidade democrática do pais, que pode ser restabelecida com as eleições do dia 18, próximo domingo.
Diario do Centro do Mundo

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