Viralizou no Twitter a hashtag #MarchaDosCorruptos. Não acho que seja esta a melhor expressão para designar os protestos de amanhã pelo impeachment.
Marcha dos Aloprados reflete melhor o espírito da coisa, em minha opinião.
É certo que corruptos consagrados como Aécio e FHC estão por trás das manifestações, insufladas por companhias de mídia que sonegam, mentem, conspiram contra a democracia e escondem casas paradisíacas em praias que tornaram criminosamente particulares, para ficar apenas em algumas de suas boas ações.
Mas o típico manifestante é o aloprado – aquele ser que encarna características do ludibriado, do analfabeto político e do midiota.
Ele acha que o que sai na imprensa é verdade. Não faz ideia de que por trás das pseudonotícias estão os Marinhos, ou os Civitas, ou os Frias – e seu exército de colunistas e editores pagos para reproduzir o gangsterismo jornalístico dos patrões. São os pequenos, minúsculos, venais Lacerdas destes nossos tempos.
Ontem e hoje, os aloprados são presa fácil para a palavra corrupção. É com ela que são enganados e conduzidos como rebanho descerebrado para protestos como os de amanhã.
“Corrupção”, mesmo que partida de corruptos despudorados como Eduardo Cunha, sempre funcionou.
Eduardo Cunha virou ídolo de aloprados graças a suas denúncias, aspas, de corrupção. Não fossem as autoridades suíças, que documentaram sua roubalheira, ele certamente seria um dos líderes dos protestos de amanhã e, talvez, presidente da República em 2018.
Getúlio foi levado ao suicídio pela campanha do Mar de Lama, tramada por réplicas dos conspiradores de hoje. Jango foi derrubado da mesma forma. E agora, com o mesmo expediente sinistro e idênticos propósitos, os filhotes dos golpistas querem matar uma jovem democracia que não chegou sequer aos 30 anos.
Para tanto, eles contam com os aloprados que vestirão a camisa da honrada CBF e clamarão pelo golpe em sua imbecilidade tonitruante.
Não fossem manipulados, eles entenderiam que uma coisa, absolutamente legítima, é protestar contra um governo. Macri, nem bem assumiu, já enfrenta manifestações enormes contra sua gestão.
Outra coisa, intolerável, é marchar por um golpe que significaria a destruição de 54 milhões de votos.
“Ah, o governo está paralisado”, estão argumentando cabeças do golpe como Aécio.
Ora, ora, ora.
Desde que saíram os resultados, Aécio não faz outra coisa que não impedir Dilma de governar. No apogeu de sua louca cavalgada, ele se juntou a Eduardo Cunha em nome do “combate à corrupção”.
Nada, numa democracia, é pior que o mau perdedor, e você pode comprovar isso com as atitudes de Aécio – e de tantos políticos da oposição. Inclui-se aí FHC, o homem que comprou a reeleição, pagou com dinheiro público à Globo para esconder a amante e agora posa de estadista virtuoso.
Mas o canalha maior é mesmo Aécio. Com seu cinismo, demagogia e sua falta de caráter demolidora, ele dividiu ainda mais um país já tão dividido. A história haverá de dar a ele o papel que merece. Lacerda é o Corvo, como o apelidou Samuel Wainer. Aécio será um Abutre, ou coisa parecida.
O aloprado dança nas mãos de corruptos que fingem combater a corrupção enquanto a praticam alucinadamente à sombra, protegidos pela mídia amiga e cúmplice.
É ele, o aloprado, que veremos em profusão nos protestos. Preste atenção nas imagens. Você, se tiver olhos bons, notará os cordões com os quais ele é manobrado por espertalhões.
Mas ele, em sua estupidez desumana, não sente e não enxerga nada.