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A polêmica idiota em torno do suposto retrato de Chávez nos Arcos do Jânio em SP

 

Um grafite nos chamados Arcos do Jânio, no acesso da avenida 23 de Maio para a ligação Leste-Oeste, transformou-se na mais recente polêmica cabeça-oca em São Paulo.

Assim como as ciclovias viraram propaganda comunista para milhares de viúvas de ocasião da Guerra Fria, enxergaram Hugo Chávez num desenho do artista Rafael Hayashi. “Denúncias” nas redes sociais explodiram. A Jovem Pan sacolejava de raiva. O historiador Marco Antonio Villa, que nunca dedicou um minuto de seu suposto trabalho ao patrimônio histórico de São Paulo, fez uma comparação bestial com o Muro das Lamentações.

O rosto na parede parece, de fato, o de Chávez. Segundo Hayashi, porém, era a figura de um homem negro. “A gente quis retratar um rosto e sabia que aquilo podia incomodar alguém. A ingenuidade nossa foi não perceber que aquilo acabou virando outra coisa. A ideia era levar uma imagem de consciência, não de ódio”, afirmou.

O prefeito Fernando Haddad foi acusado de cometer um crime inafiançável. Os arcos foram descobertos depois que Jânio removeu moradias ilegais que ficavam a frente deles. Num lugar com patrimônio histórico pobre, alguns festejaram como se houvessem desenterrado a Muralha de Adriano. Pobre São Paulo, pobre arquitetura paulista.

O Conpresp (conselho municipal de preservação) autorizou a intervenção. Não havia nada ilegal. E se fosse, de fato, uma homenagem a Chávez? É proibido? Existe uma lei determinando quem e o que pode e não pode ser retratado? Chávez, não. Reagan, sim? E o papa?

O mural foi pichado por vândalos. Dias depois, os grafiteiros fizeram uma nova intervenção, adicionando uma tarja vermelha e uma mão tapando a boca do personagem. “É uma resposta às más interpretações, censuras e ataques que o trabalho sofreu tanto de maneira verbal quanto no âmbito físico, deteriorando a pintura”, disse Hayashi.

“A pintura não tinha o papel nem de ataque e nem de defesa de nenhum pensamento partidário político”. Você pode duvidar de Hayashi e considerar que ele é um dissimulado a serviço do projeto do PT e da corja bolchevique. Ele é mais um “vermelhinho” safado. Certamente anda de bicicleta, também.

Pobre São Paulo, pobre paulista.

 

Kiko Nogueira

Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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Kiko Nogueira

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