A repercussão do texto sobre Luana Piovani ou: eu não sou obrigada a ter sororidade. Por Nathalí

Atualizado em 14 de fevereiro de 2023 às 23:20
Luana Piovani aparece chorando nas redes sociais
Foto: Reprodução

 

 

Eis que escrevi ontem, inocentemente, um texto sobre Luana Piovani e a exposição indevida dos filhos na internet e os leitores entraram em polvorosa.

Deixei de ler os comentários por questão de saúde mental, porque, se eu fosse famosa, teria acordado cancelada nessa terça-feira ordinária. Como, felizmente, não sou, aceitei as críticas como um fenômeno comum quando se trata de um tema delicado e polêmico.

Até onde consegui acompanhar nos comentários, muita gente perguntava se eu tinha filhos – como se não tê-los me retirasse o direito a ter uma opinião impopular – e foram várias as acusações de falta de empatia e sororidade.

Me ocorrem duas coisas:

Primeiro: Eu sou responsável pelo que escrevi, e não pelo que as pessoas leram.

Segundo: Não tenho nenhum compromisso com a sororidade, e isso não me faz menos feminista. Ser feminista não é passar pano pra mulher escrota. Nenhum feminismo me obriga a ter empatia por Luana Piovani, ou me impede de dizer o que precisa ser dito: ela adora expor sua vida privada pra aparecer, sim. Ela expõe os filhos e o ex-marido por mídia, sim. E não houve, em meio a tantos comentários, quem pudesse me convencer do contrário.

Não tenho obrigação de ter sororidade com bolsonaristas, que são como as tias ou esposas de The Handmail’s Tale.

Feminismo não é clube da Luluzinha, amigas. Feminismo é movimento político.

E quando eu digo que Luana Piovani expõe os filhos e pratica, abertamente, alienação parental contra eles, eu não estou defendendo seu ex-marido, estou defendendo as crianças – e quem não entendeu isso, honestamente, não entendeu nada.

Esse texto não é, portanto, uma mea culpa, muito pelo contrário: é uma reafirmação do que eu penso sobre o caso, e eu tenho direito de pensá-lo, sendo ou não sendo mãe, porque a escolha de ser ou não ser mãe jamais definirá quem eu sou ou o que posso dizer.

A mulher diz que está sendo  “amordaçada” porque não pode mais expor crianças nas redes sociais e eu preciso defende-la porque ela é uma mulher?

Calma lá, minhas consagradas.

A dualidade com que as pessoas interpretam os fatos – e os textos, sobretudo – é algo que aprisiona e limita qualquer debate. Acusar Luana Piovani não é acusar todas as mães que lutam pela guarda dos filhos – é acusar todos aqueles que os expõem enquanto são apenas crianças.

Quando critico Luana Piovani, não quero dizer que Pedro Scooby é um anjo: quero dizer, simplesmente, que separação, pensão alimentícia e fofoca de internet não são assunto para crianças. Ponto.

Quem as expõe a essas baixarias está, sim, cometendo um erro gravíssimo – tão grave a ponto de necessitar de intervenção judicial.

Eu nunca me afirmei como uma “sororosa” custe o que custar. Empatia e sororidade estão aí pra quem faz jus de recebê-las e ser mulher não é o suficiente. Em outras palavras: fiquem à vontade pra serem “sororosas” com uma bolsonarista declarada que usa os filhos pra aparecer. Não me envolvam nisso – eu escolho a sensatez.

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